Além de enfrentar o caos econômico que assola a sociedade, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, terá que encarar também um cenário de criminalidade e violência persistente no país, que registrou mais de 8 mil mortes violentas em 2022.
O economista libertário, que venceu o peronista Sergio Massa no domingo (19), defendeu durante sua campanha à Casa Rosada uma política de segurança pública baseada na liberdade individual e no direito à legítima defesa.
A segurança pública tem sido nos últimos anos uma das principais preocupações dos argentinos, que sofrem ainda com índices significativos de criminalidade e violência. Segundo dados oficiais divulgados em julho deste ano, em 2022, a Argentina registrou 1.890 homicídios dolosos (quando existe a intenção de matar), 6.329 latrocínios (roubo seguido de morte), 311.697 furtos e 394.525 roubos violentos.
Em agosto desse ano, a cidade argentina de Las Heras, localizada na província de Mendoza, foi palco de um tumulto após saqueadores atacarem a polícia local com pedras e garrafas. Após os ataques, os saqueadores decidiram invadir e roubar açougues e comércios da cidade.
Ainda segundo dados oficiais, em 2022 houve mais de 100 mil ataques realizados contra a propriedade privada e também o crescimento do narcotráfico, que assola cidades como a de Rosário, localizada na província de Santa Fé, na região central do país, que registrou cerca de 287 assassinatos no ano passado, sendo a maioria relacionada à disputa pelo mercado ilegal de drogas, que está assustando a população local e aumentando a violência nas ruas e nos bairros.
O governo peronista de Alberto Fernández foi criticado durante sua gestão que se encerra em dezembro deste ano por não investir o suficiente nas forças de segurança federais, que têm entre suas responsabilidades o controle das fronteiras e a luta contra o narcotráfico. Durante a gestão de Fernández, as fronteiras argentinas continuaram sendo vulneráveis e o tráfico de drogas seguiu em expansão.
Em seu plano de governo defendido durante sua campanha política, o presidente eleito apresentou propostas duras para combater a criminalidade na Argentina e melhorar a segurança pública no país.
Milei tem como pilar de sua proposta para aumentar a segurança dos argentinos a eliminação do controle do Estado sobre as armas, uma decisão que, segundo ele, irá permitir aos cidadãos o porte e o uso de armas para se proteger da criminalidade.
Além disso, o libertário também defende uma redução da maioridade penal, uma reforma das leis de segurança interna e a militarização das unidades prisionais da Argentina, bem como o fim do pagamento de qualquer auxílio financeiro para quem está cumprindo uma pena.
Milei também quer despolitizar as Forças Armadas e construir mais prisões em parceria com empresas privadas. O novo líder argentino defende também uma política para estrangeiros nas propostas: quer proibir a entrada de pessoas com antecedentes criminais no país e viabilizar a deportação imediata de indivíduos de outros países que cometam algum crime dentro do território argentino.
O plano de Milei também contempla a criação de um banco nacional de dados ligados às câmeras de segurança com identificação facial espalhadas pelas cidades argentinas para facilitar a prisão de criminosos com mandados em vigor.
Milei, que assumirá o cargo de presidente no dia 10 de dezembro, terá que lidar com a expectativa de uma parcela da população que espera ansiosamente por mudanças profundas no atual cenário argentino.
A equipe do presidente eleito ainda não anunciou oficialmente o nome da pessoa que ficará responsável pela área de segurança do país. A escolha do ministro para essa área possivelmente ficará a cargo da vice-presidente eleita, Victoria Villarruel, que terá sob a sua gestão as áreas de Defesa e Segurança Pública da Argentina.
Villarruel defende que o governo argentino realize um trabalho de cooperação entre os diferentes níveis das forças militares do país na luta contra o crime organizado, especialmente o tráfico de drogas.