
La Paz Seis dos nove departamentos bolivianos, liderados por organizações cívico-empresariais de oposição, intensificaram ontem a pressão contra o presidente Evo Morales. Os oposicionistas culpam Morales pelos conflitos no Congresso e na Assembléia Constituinte, abrindo uma das piores crises de seus 19 meses de governo.
Os comitês cívicos de Santa Cruz, Tarija e Chuquisaca anunciaram, em reuniões distintas, uma greve de 24 horas para a próxima terça-feira para protestar contra a atuação do governo em questões como a da Assembléia Constituinte e no caso dos magistrados suspensos do Tribunal Constitucional (TC). Os líderes civis de Beni e de Cochabamba ainda avaliam quais medidas irão tomar. Apenas as organizações civis de La Paz, Oruro e Potosí, redutos políticos do presidente, se mantêm distantes das mobilizações de seus pares.
Os líderes civis querem que Sucre volte a ser sede dos poderes Executivo e Legislativo, cedidas a La Paz na guerra civil do século 19. Além disso, rejeitam o julgamento de responsabilidades aprovado pelo governante Movimento ao Socialismo (MAS) na Câmara dos Deputados contra os quatro magistrados do Tribunal Constitucional, acusados de prevaricação por Evo Morales.
O poderoso Comitê de Santa Cruz anunciou ainda que apresentará uma denúncia formal à Organização dos Estados Americanos (OEA) e às Nações Unidas (ONU) "pelas violações do Movimento ao Socialismo à Carta Democrática Interamericana".
O governo de Morales, abalado pela forte pressão regional, acusa os comitê cívicos de usar a reivindicação de Sucre para gerar conflito de ordem política. Sucre é o principal foco do conflito, onde mais de 300 pessoas fazem greve pedindo que a cidade volte a ser sede do governo. Porém, o presidente Morales é contra a mudança.