Londres - Médicos britânicos anunciaram ontem o nascimento de uma menina selecionada para não ter um gene relacionado ao câncer de mama e de ovário (BRCA 1), que pode acarretar um risco de até 80% do desenvolvimento do tumor. Equipes médicas de outros dois países Bélgica e Austrália já relataram o mesmo feito em periódicos científicos.
A mãe da menina, de 27 anos, decidiu recorrer à escolha genética porque três gerações de mulheres de sua família entre elas sua avó, mãe, irmã e uma prima tiveram o tumor diagnosticado. O marido também é portador do gene.
A técnica é chamada de diagnóstico pré-implantacional (PGD), muito utilizada em tratamentos de fertilização in vitro, inclusive no Brasil, para o diagnóstico de 130 doenças genéticas e cromossômicas, entre elas a fibrose cística e a distrofia muscular progressiva.
Não há registro de que o teste já tenha sido usado no Brasil para o diagnóstico do gene BRCA 1, mas essa utilização é polêmica porque a presença dessa mutação no embrião representa apenas uma probabilidade do desenvolvimento do tumor de mama ou de ovário diferente dos outros casos em que a doença herdada vai se manifestar com certeza.
Apenas 10% dos cânceres de mama são de origem hereditária -o restante está ligado a fatores ambientais. Os genes BRCA 1 e BRCA 2 (que também pode ser detectado no teste) estão relacionados a um terço desses tumores outros genes são mais raros.
"O teste feito no embrião não livra a menina de vir a ter câncer de mama ou de ovário. Ela simplesmente passa a ter o mesmo risco que qualquer mulher da população, afirma o geneticista Salmo Raskin, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica.
Segundo Raskin, o uso do teste genético para câncer também suscita outro questionamento: seria ético descartar um embrião apenas pela predisposição de um dia ter um câncer? "Em média 30% das pessoas com essa mutação genética serão indivíduos saudáveis.
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