Durante uma visita a um centro de registro de refugiados em Berlim nesta quinta-feira (10), Angela Merkel mais parecia uma popstar. A barreira policial ao redor da chanceler não conseguiu deter o grupo de imigrantes com seus telefones celulares que tentavam tirar uma “selfie” com a chefe do governo alemão, em meio a gritos de: “Eu quero ficar na Alemanha” e “Merkel, obrigado”.
“Eu gosto de Alemanha, gente boa, bom país”, disse um dos refugiados, em um alemão improvisado.
Com sorriso no rosto, Merkel aceitou pacientemente sair nas fotos e agradeceu o trabalho de voluntários e organizações federais no acolhimento de refugiados. A chanceler falou sobre a necessidade de acelerar o processo de registro dos imigrantes, ressaltando que o cadastro bem sucedido de um grande número de requerentes de asilo seria a melhor maneira de integrá-los à sociedade alemã. Enquanto ela falava, um tradutor repetia as palavras em árabe.
“Tenho a impressão de que existe uma motivação incrível aqui para neste trabalho incrivelmente difícil. Não falo apenas de Berlim, mas de toda a Alemanha, e eu só posso dizer que vale a pena lutar para cada uma dessas crianças, por todo este entusiasmo, por todos ansiosos em aprender, que nos falam de um futuro melhor”, disse Merkel, com os olhos marejados.
A Alemanha já registrou quase 450 mil refugiados que chegaram ao país neste ano, sendo 37 mil na primeira semana de setembro, informou o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel diante do Parlamento. Segundo Gabriel, esses número mostram que o recente plano proposto na quarta-feira pela Comissão Europeia é “apenas um primeiro passo” para lidar com a crise migratória no continente.
“Em agosto foram 105 mil, e nos oito primeiros dias de setembro, 37 mil. Talvez passe de 100 mil em setembro”, disse Gabriel. “Isto mostra, francamente, que a distribuição de 160.000 refugiados na Europa é apenas um primeiro passo, para falar de forma suave. Também podemos dizer: uma gota de água no oceano.”
O governo alemão espera receber 800.000 solicitantes de asilo em 2015, um número quatro vezes maior que o do ano anterior e uma cifra recorde na Europa. A Comissão Europeia propôs na quarta-feira um plano para distribuir 160.000 pessoas pelo bloco, mas Berlim pede um sistema de cotas sem limites para colocar os refugiados nos países da UE, enfrentando assim a mais grave crise migratória em sete décadas.