Ao menos 6 mil imigrantes africanos estão no acampamento de Calais, no norte da França, com o objetivo de entrarem na Inglaterra| Foto: DENIS CHARLET/AFP

A “selva” de Calais, um dos maiores acampamentos de refugiados na Europa, vive, neste domingo (23), seu último dia antes do início da retirada de seus quase 8 mil habitantes. Instalado no norte da França, o abrigo concentra migrantes na maioria vindos do Afeganistão, Sudão e Eritreia que tentam chegar no litoral da Inglaterra.

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As autoridades preveem que o processo de retirada será difícil, especialmente para os jovens isolados. Entre 6 e 8 mil imigrantes procedentes de países africanos moram no enorme acampamento de barracos serão transferidos para centros de recepção espalhados por todo o território da França.

A “selva” de Calais, com a insegurança e o nervosismo que provocam na população local, se tornou uma questão que envenena o debate na França a respeito da imigração. A situação levou o governo socialista do presidente François Hollande a anunciar, no fim de setembro, o desmantelamento do local.

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As saídas estão previstas para começar na segunda-feira (24), mas neste domingo (23) os representantes dos serviços de imigração já estavam no acampamento para explicar como será o processo de retirada, assim como porque esta é necessária aos que ainda hesitam em deixar o local.

“Todo mundo preparou suas coisas há uma semana”, declarou Mohamed, um sudanês de 43 anos. Ele desistiu de seguir para a Grã-Bretanha, mas alguns de seus amigos decidiram abandonar o acampamento para tentar concretizar o sonho.

Plano

Durante três dias, 145 ônibus serão utilizados em sistema de rodízio para transportar os migrantes aos 300 centros de abrigo temporário em toda a França. O governo, que providenciou 7.500 vagas em alojamentos, espera concluir a operação em uma semana.

Agora resta saber como será a recepção. Algumas localidades pequenas não concordaram com o plano de distribuição dos migrantes imposto pelo governo. Membros da oposição de direita citam o risco de criar várias “mini-Calais” em todo o país.

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Mas o ministro das Cidades, Patrick Kanner, exigiu “respeito e humanidade” para os migrantes.

“Acolher nestas localidades 30, 40 pessoas me parece o mínimo”, disse.

Além da logística complexa, a operação é considerada delicada do ponto de vista da segurança, pois algumas pessoas podem manifestar o desejo de permanecer no local e “militantes” podem recusar o processo de evacuação do acampamento.

O ministério do Interior está preocupado com a presença em Calais de 150 a 200 membros do movimento “No border”, que defende o fim das fronteiras. Mais de 1.200 policiais foram mobilizados.

Outro tema sensível é o dos 1.300 menores isolados presentes na “selva” de Calais.

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Paris e Londres dividem as responsabilidades pela falta de soluções ao acampamento, mas o governo britânico finalmente acelerou os procedimentos de recepção para estas crianças e adolescentes - quase 500 delas têm parentes no Reino Unido.

De acordo com o governo francês, esta semana 194 menores deixarão Calais com destino a Grã-Bretanha.

Londres se comprometeu a receber jovens com menos de 18 anos com um parente na Grã-Bretanha, mas pode ir até mais longe após uma emenda chamada “Dubs”, aprovada em maio, que prevê o acolhimento de todas as crianças refugiados vulneráveis e sem família.

Pela primeira vez, 53 meninas, em sua maioria eritreias, foram admitidas no sábado (22), graças à emenda, em território britânico.