Desta vez o roteiro observado nas últimas crises entre a Casa Branca e o Congresso dos Estados Unidos não se repetiu. Não houve um acordo de último minuto e entraram em vigor ontem US$ 85 bilhões em cortes automáticos de gastos, a serem implementados entre março e setembro, quando termina o atual ano fiscal. Apesar dos esforços do presidente Barack Obama para mobilizar a opinião pública e pressionar a oposição, os republicanos não cederam.
Obama se reuniu com os líderes do Congresso, mas não houve avanço nas negociações e os dois lados continuaram trocando acusações após o encontro. Agora, os parlamentares devem trabalhar com um novo prazo, 27 de março, quando expira um projeto temporário que permite o funcionamento do governo. As indicações são que os dois assuntos serão negociados juntos.
Depois do encontro, Obama disse que não houve nenhuma alternativa aos cortes "estúpidos e arbitrários". Ele afirmou que os cortes de gastos não vão provocar uma "enorme crise financeira", mas ressaltou que as medidas vão enfraquecer a economia e são desnecessárias. O presidente citou diversos prováveis impactos, principalmente no setor de defesa, controle de fronteiras, educação e saúde. "Quanto mais tempo os cortes ficarem em vigor, maior será o dano para a economia", explicou.
Obama foi duramente pressionado pelos repórteres, que perguntaram se ele achava que ainda tem poder de negociação e por quê não obrigou os líderes republicanos a sentarem na mesa de negociação até chegarem a um acordo. "Eu não sou um ditador, sou o presidente. Eu não posso prender John Boehner e Mitch McConnell aqui na Casa Branca para negociar", comentou, se referindo ao presidente da Câmara dos Representantes e o líder dos republicanos no Senado.