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O presidente italiano Sergio Mattarella (E) se encontrou com Carlo Cottarelli (D) no palácio presidencial, em Roma, depois de lhe dar mandato para formar um governo provisório | PAOLO GIANDOTTIAFP
O presidente italiano Sergio Mattarella (E) se encontrou com Carlo Cottarelli (D) no palácio presidencial, em Roma, depois de lhe dar mandato para formar um governo provisório| Foto: PAOLO GIANDOTTIAFP

A Itália entrou em caos político neste domingo (27): Giuseppe Conte renunciou à indicação para o cargo de primeiro-ministro depois que o presidente Sergio Mattarella rejeitou o nome que ele havia proposto para ser o ministro da Fazenda - alguém declaradamente eurocético-, provocando o aparente colapso de uma tentativa de formar o primeiro governo totalmente populista na Europa Ocidental.

Em meio ao que já está sendo chamado pela imprensa de “confronto institucional sem precedentes”, Mattarella incumbiu o economista Carlo Cottarelli, que já trabalhou no FMI (Fundo Monetário Internacional), a criar um governo tecnocrático, o que está sendo visto como um gesto arriscado e que pode alimentar ainda mais a insatisfação popular.  

Ao pedir que Cottarelli monte o próximo governo, ainda que de maneira temporária, o presidente Mattarella quer sinalizar ao restante da Europa que a Itália ainda é um parceiro estável e confiável. O economista tem experiência em cortes de gastos públicos, e sua tarefa será manter as contas em dia até as próximas eleições, que podem ser realizadas já em torno de setembro, salvo se ele conseguir um improvável voto de confiança do Parlamento. 

A Itália deve hoje o equivalente a 132% de seu PIB, um percentual frequentemente relembrado por seus países vizinhos —só a Grécia tem hoje uma dívida pública maior na zona do euro. "A economia italiana está em pleno crescimento e as contas públicas estão sob controle", Cottarelli disse após ser incumbido de formar o novo governo, em mensagem clara à União Europeia. 

Os partidos populistas Liga (direita nacionalista) e Movimento 5 Estrelas (antissistema), que conquistaram a maioria dos votos nas eleições parlamentares de março e indicaram, após extensas negociações, o nome de Conte para primeiro-ministro, pedem o impeachment de Mattarella por ignorar a vontade dos eleitores. Partidos mais extremos, como os Irmãos da Itália, falam em um julgamento por traição.

Ademais, é improvável que Cottarelli de fato governe o país ou que seu governo tenha estabilidade. Ele não tem o apoio dos maiores partidos. No caso de ele não ser confirmado pelo Parlamento, a Itália pode ter que repetir suas eleições —pela primeira vez na sua história recente.

No novo pleito, a Liga e o Movimento Cinco Estrelas terão uma estratégia óbvia e possivelmente convincente: vão dizer aos eleitores que Mattarella, representando a elite política, impediu um governo popular de ser estabelecido. Analistas preveem que, assim, as siglas populistas se fortaleçam ainda mais.

Líder do M5S convoca ato 

O líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi di Maio, convocou seus eleitores e apoiadores a um evento em Roma, no próximo sábado (2) para protestar contra a decisão do presidente da Itália, que interrompeu o processo de formação de governo até então conduzido pelo advogado Giuseppe Conte, indicado pelo M5S em conjunto com a Liga. 

Em um vídeo veiculado nesta segunda-feira, di Maio também pediu aos seus seguidores que pendurem desde já bandeiras italianas em suas janelas e se manifestem nas mídias sociais com a hashtag "OMeuVotoConta". 

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