Brasília A Petrobrás e o Palácio do Planalto esperam receber hoje pela manhã a resposta do governo da Bolívia a sua oferta de venda de 100% das duas refinarias que a companhia brasileira possui no país vizinho. Ontem, havia sinais que um acordo teria sido fechado. Um ministro chegou a divulgar que estava concluído, com aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um acerto pelo qual as refinarias seriam vendidas por US$ 110 milhões.
O Palácio do Planalto e o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, porém, afirmaram que ainda aguardavam uma resposta da Bolívia, que só virá hoje. A assessoria de Lula informou que o presidente passou o dia recepcionando o papa Bento XVI e não tratou das refinarias. A negociação estaria sendo conduzida pela Petrobrás. Na manhã de ontem, ao longo das três horas de negociação, em La Paz, o presidente da Petrobrás Bolívia, José Fernando de Freitas, reiterou ao ministro boliviano de Hidrocarbonetos e Energia, Carlos Villegas, que a empresa brasileira não aceitaria um valor de venda menor que US$ 112 milhões.
Se não houver acerto, insistiu Freitas, o caminho seria a arbitragem internacional. A decisão de sair do negócio de refino de petróleo na Bolívia, vendendo à estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia a totalidade de suas refinarias em Cochabamba e Santa Cruz de La Sierra foi tomada pela Petrobras na última segunda-feira. Na noite de domingo, a companhia foi surpreendida pela decisão do presidente Evo Morales, da Bolívia, de promulgar um decreto que determinava, na prática, a expropriação dos fluxos de caixa de ambas as refinarias.
Até aquele momento, a Petrobrás estava envolvida em uma negociação com a YPFB e o Ministério de Hidrocarbonetos e Energia para a venda de parcelas das refinarias. A notícia do decreto entornou o caldo. Com aval do governo Lula, a Petrobrás decidiu desfazer-se dessas duas plantas, mesmo com o prejuízo de vendê-las a um preço mais baixo que US$ 200 milhões, o valor de mercado.
Na manhã de segunda-feira, a companhia enviou ao Ministério de Hidrocarbonetos na qual informou sua decisão de retirar-se totalmente da atividade de refino de petróleo na Bolívia e apresentou sua oferta oficial de venda de 100% das ações das refinarias a um valor mínimo de US$ 112 milhões. Às 10 horas de ontem (horário de Brasília), o presidente da Petrobrás Bolívia reiterou essas posições.