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Cuba enfrenta uma grave crise generalizada há pelo menos três anos, marcada pela falta de alimentos básicos, eletricidade, aumento elevado dos combustíveis e do transporte, escassez de alimentos e um êxodo recorde, que levou mais de 400 mil pessoas a migrarem para fora da ilha. Tudo isso provocou uma reação massiva da população, neste domingo (17), que foi às ruas em protestos por diferentes pontos do país e fora dele.
Na segunda maior cidade da ilha, Santiago, onde os apagões se estendiam por 18 horas ou mais por dia, os manifestantes mostraram indignação com a atual situação do país com gritos de “comida e eletricidade”, segundo vídeos publicados nas redes sociais. Algumas áreas próximas aos protestos tiveram o serviço de internet interrompido ou limitado. A Polícia também foi acionada pela ditadura para reprimir os atos.
O líder do regime, Miguel Díaz-Canel, confirmou a realização dos atos na rede social X, tentando justificar a crise na ilha pelos motivos que repetidamente utiliza, como o embargo dos EUA. Ainda, o ditador pediu para que a situação fosse resolvida com "paz e tranquilidade".
“Várias pessoas expressaram sua insatisfação com a situação do serviço elétrico e da distribuição de alimentos. A disposição das autoridades do partido e do estado é de atender às reclamações do nosso povo, ouvir, dialogar, explicar os numerosos esforços que estão a ser realizados para melhorar a situação, sempre num clima de tranquilidade e paz", disse.
Díaz-Canel também afirmou que “terroristas” americanos buscam fomentar novas revoltas para "fins desestabilizadores” do regime.
Segundo a agência Reuters, Havana e regiões próximas, que foram alvos das grandes manifestações de julho de 2011, aparentemente não tiveram atos até a noite deste domingo. Algumas imagens foram captadas de supostos protestos em outra grande cidade, Bayamo, segundo a AFP, e em Miami, onde cubanos com dupla cidadania se reuniram em frente ao famoso restaurante Versailles, com bandeiras e gritos de repreensão à ditadura.
A embaixada dos EUA na capital cubana emitiu uma nota, dizendo que estava monitorando os protestos em Santiago e em outros pontos do país. No comunicado, a sede da representação americana em Havana pediu ao regime cubano que "respeitasse os direitos humanos dos manifestantes e atendesse suas necessidades legítimas".
A declaração foi combatida pelo ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, que criticou os comentários da Embaixada dos EUA, afirmando que a culpa pela atual crise na ilha é devido ao embargo comercial e às sanções de longa data dos EUA. “O governo dos EUA, especialmente a sua embaixada em Cuba, deve abster-se de interferir nos assuntos internos do país e de incitar a desordem social”, disse.
Segundo estimativas oficiais, a economia cubana encolheu 2% no ano passado, enquanto a inflação atingiu 30% - número que deve ser muito maior do que o informado pela ditadura.