Possibilidades
Com o fracasso em formar governo, cenários para a Grécia se complicam
Gregos votam em novas eleições em junho; até lá, governo interino comanda
Novas eleições devem aumentar a força dos partidos extremistas como o Syriza, tornando praticamente inviável a manutenção do atual programa de austeridade
Grécia pode manter plano de austeridade no curto prazo até obter saldo primário (saldo fiscal antes do pagamento de juros) e então declarar moratória sobre o resto da dívida externa pública ou privada, ou tentar renegociar programa de austeridade com FMI/UE
Governo pode cancelar o programa de austeridade imediatamente, reverter algumas das reformas e declarar moratória sobre o resto da dívida externa. Isso pode levar à saída da zona do euro
Caso a Grécia cancele o programa unilateralmente, a UE pode interromper os empréstimos ao país. A Grécia então entraria em moratória de toda sua dívida a partir de junho. Mas, dado o déficit primário, teria de impor um programa de austeridade ainda mais duro. E pode ser forçada a abandonar o euro
Tratados europeus não preveem abandono do euro ou a expulsão de um membro da zona de moeda comum.
Tecnicamente, o Banco Central Europeu pode decidir não mais aceitar títulos gregos como garantia e recusar pedidos de assistência emergencial de liquidez. Nesse caso, a Grécia seria forçada a sair "voluntariamente".
Fontes: Financial Times, Folhapress.
A Grécia definiu ontem, após nove dias de impasse, que haverá outra eleição parlamentar em junho para que seja possível formar um novo governo no país.
Na eleição do dia 6, nenhum partido teve votação suficiente para ter maioria absoluta no Parlamento e indicar o novo premiê, abrindo margem para um período de negociações que se provou ineficaz.
O cenário deve se repetir na próxima votação. Até lá, o país terá um governo interino, que deve ser nomeado hoje. Agora, em meio às incertezas causadas pela primeira eleição, a Grécia também tem de se preocupar com as reações da comunidade internacional, que passa a discutir abertamente a saída do país da zona do euro.
Ontem foi a vez de Cristine Lagarde, diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), afirmar a uma tevê francesa que não se deve descartar a saída do país do bloco de 17 nações que usam a moeda comum.
"Seria uma situação extremamente custosa e com grandes riscos, mas estamos obrigados a analisá-la de um ponto de vista técnico", declarou. As pesquisas de opinião indicam que o maior beneficiado pela realização de novas eleições é o partido Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), que se declara contra o pacote de resgate.
Na primeira votação, o Syriza alcançou um inédito segundo lugar na preferência dos eleitores, perdendo apenas para o Nova Democracia, de centro-direita, mas à frente do tradicional Pasok (Partido Socialista Pan-Helênico).
Os três partidos, de acordo com a Constituição grega, tentaram montar coalizões de governo, mas fracassaram. Com isso, o presidente do país liderou nos últimos três dias esforços para constituir um governo de "união nacional", mas anunciou que não teve sucesso.
A notícia fez com que as principais Bolsas europeias seguissem para o segundo dia consecutivo de queda.Com o temor dos investidores quanto ao contágio da crise, aumentou o valor dos juros da dívida pública de países como Itália e Espanha. Até mesmo o euro sofreu com o temor originado pelo impasse na Grécia, chegando a seu menor valor em relação ao dólar desde janeiro.
A Grécia tentou acalmar o mercado anunciando que pagará integralmente um título de 450 milhões de euros que venceu ontem, depois de não ter conseguido convencer os investidores a diminuir seu valor.
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