O ex-presidente do Líbano, Michel Aoun, abandonou o palácio presidencial no domingo (30), um dia antes de expirar o seu mandato, sem que um sucessor tenha sido designado. Antes de sua saída, ele firmou um decreto que exclui a possibilidade de que o primeiro-ministro Najib Mikati dirija o país de forma interina. O vácuo de poder agrava a paralisação política no país, que está em pleno colapso econômico.
O mandato de seis anos de Michel Aoun termina sem que os deputados tenham conseguido chegar a um acordo sobre o seu sucessor. O Parlamento se reuniu quatro vezes no último mês, para eleger um presidente, mas nem o campo dos muçulmanos xiitas do Hezbollah – o poderoso movimento armado que domina a vida política no Líbano -, nem o de seus oponentes têm uma maioria clara para impor um candidato.
Em sua última semana como presidente, Aoun assinou um acordo mediado pelos EUA delineando a fronteira marítima do Líbano ao sul com Israel – um avanço diplomático modesto que permite aos dois países extraírem gás natural de depósitos marítimos.
Ele afirmou que o grupo armado apoiado pelo Irã, Hezbollah, que usou drones não-armados para sobrevoar Israel e ameaçou atacar suas plataformas offshore várias vezes, serviu de “dissuasão” que ajudou a manter as negociações a favor do Líbano.
Aoun disse que o acordo abre o caminho para descobertas de gás que podem ser “a última chance” de o Líbano se recuperar de um derretimento financeiro de três anos que custou 95% do valor da sua moeda e levou 80% da população à pobreza.
O ex-presidente afirmou que continuará envolvido na política do Líbano, mesmo deixando o cargo, especialmente para enfrentar o governador do Banco Central, Riad Salameh, um dos principais adversários políticos do presidente.
Salameh está sendo investigado no Líbano e em pelo menos cinco outros países, acusado de corrupção e desvios de dinheiro público. Ele nega as denúncias.