Uma eventual retirada norte-americana do Iraque transformaria o país em uma base de lançamento para ações do terrorismo internacional e os EUA se veriam obrigados a regressar ao território iraquiano dentro de alguns anos, disse na terça-feira um especialista sobre a Al Qaeda.
Rohan Gunaratna afirmou, em uma conferência sobre segurança realizada pela seguradora Lloyd's, que o Iraque, como o Afeganistão nos anos 1990, se transformaria em uma "Disneylândia do terror" onde a Al Qaeda conseguiria ganhar força sem enfrentar a oposição de ninguém.
Se os soldados das forças de coalizão, em sua maioria norte-americanos, retirarem-se do território iraquiano no próximo ano, afirmou Gunaratna, "a dimensão dos ataques realizados dentro do Iraque ou que usariam o Iraque como base de lançamento para atingir outros países do Ocidente -- países na Europa e na América do Norte -- seria de tal dimensão que, dentro de dois ou três anos, as forças norte-americanas teriam de regressar ao Iraque."
O estudioso, que mora em Cingapura, disse que o epicentro do terrorismo internacional já havia mudado do Afeganistão para o Iraque. "Sob muitos aspectos, a ameaça terrorista está agora 2.400 quilômetros mais perto da Europa."
O presidente dos EUA, George W. Bush, encontra-se em um impasse com o Congresso controlado pelos democratas em torno do custo da guerra no Iraque, atualmente em seu quinto ano.
Nesse conflito, mais de 3.400 soldados norte-americanos foram mortos.
Os democratas pressionam para que a liberação da verba seja acompanhada da fixação de um cronograma de retirada, algo a que o governo se opõe, argumentando que tal medida enviaria uma mensagem errada para as forças dos EUA, para seus aliados e para seus inimigos.
Alguns republicanos também passaram a questionar a guerra de forma mais aberta.
A Grã-Bretanha, principal parceiro dos EUA no Iraque, vem diminuindo o número de soldados que mantém neste país, apesar de a idéia de uma retirada imediata ter sido descartada por Gordon Brown, o homem que deve suceder Tony Blair, fiel aliado de Bush, no cargo de primeiro-ministro, no próximo mês.
Na mesma conferência, uma importante autoridade da área de segurança da Grã-Bretanha reconheceu que os militantes islâmicos presentes nesse país europeu vinham explorando a presença de soldados britânicos no Afeganistão e no Iraque para atrair simpatizantes.
Mas a autoridade, Sir Richard Mottram, disse que qualquer decisão a respeito da retirada deveria basear-se no impacto dessa medida nos dois países e não em seu efeito sobre o comportamento dos extremistas presentes na Grã-Bretanha.
"Eu não gostaria de ver uma retirada do Afeganistão em um cenário tal que as portas ficariam abertas para o Taliban", afirmou Mottram, secretário permanente do Gabinete de Inteligência, Segurança e Recuperação. Mottram não quis se manifestar a respeito do Iraque.
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