Apesar de raramente ser visto em público, o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, deve ser eleito nesta quinta-feira (17) pela quarta vez em um pleito desacreditado pela comunidade internacional e pela crescente oposição interna. Na quarta-feira (16), uma rara manifestação contrária ao status quo do país foi reprimida por policiais na capital Argel. O domínio do Estado é tão grande que o atual mandatário não participa da campanha eleitoral, delegando a tarefa para seu primeiro-ministro, Abdelmalek Sellal.
A última vez que ele falou em público para o povo de seu país foi em 2012.
Seu mais relevante rival na disputa, Ali Benflis disse em tom ameaçador que um "exército" de seus apoiadores irá monitorar a eleição para evitar fraudes.
O movimento Barakat ("chega", em um dialeto local) é uma das poucas demonstrações de sociedade civil no país, mas outros grupos menores também foram reprimidos por contestarem a legitimidade da eleição nas últimas semanas.
Diversos dos cerca de 40 partidos do país, que representam uma oposição de pouco peso político, afirmaram que iriam boicotar o pleito. Tradicionalmente desunidos, eles ensaiam agora uma aliança para tentar pressionar por mais legitimidade no sistema político.
"Há dois anos que o presidente não fala à nação", argumenta o ativista Sidali Kouidri. Ele afirma ainda que a escolha de Bouteflika é uma prova de que a elite do regime não conseguiu encontrar um outro nome de consenso, o que, em sua opinião, mostra que o governo está prestes a "ruir".
A vitória de Abdelaziz Bouteflika é um consenso entre os analistas internacionais, que temem pela estabilidade do país nos próximos cinco anos de seu mandato, pois o presidente está muito doente. Sua situação de saúde o deixa tão fragilizado que sua candidatura foi anunciada pelo primeiro-ministro Sellal.
Há 15 anos no poder, Abdelaziz Bouteflika é um aliado dos Estados Unidos na luta contra militantes islâmicos na região da África do Norte, além de garantir parte da demanda de gás da Europa. Entre a Tunísia e a Líbia, a Argélia foi um dos poucos países da região cujo governo não sofreu grandes pressões da Primavera Árabe.
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