Milhares de chilenos se preparavam na segunda-feira para velar o corpo do ditador Augusto Pinochet, que morreu no domingo no Hospital Militar de Santiago, aos 91 anos, vítima de problemas cardíacos.
O caixão foi levado durante a madrugada de segunda-feira do hospital para a Escola Militar, onde será velado só com as honras atribuídas a ex-comandantes militares.
O velório foi aberto por volta de 10h (hora de Brasília) para que os seguidores de Pinochet se despeçam do general que governou o Chile com mão de ferro entre 1973 e 90.
``É claro que ele merece um funeral público. Acho que com luto (oficial) ou sem luto, o povo do Chile lhe dará um reconhecimento muito importante, que nós valorizamos'', disse o deputado Iván Moreira, amigo íntimo de Pinochet.
Com velas, fotos, flores e bandeiras, os admiradores do ditador esperaram durante horas, cantando e rezando, pela chegada dos restos de Pinochet à Escola Militar.
``Obrigado por dar sua vida ao Chile, meu general'', ``Adeus, meu grande general Pinochet'' diziam alguns cartazes presos às grades em um dos acessos à escola, transformadas em altar improvisado.
Pinochet morreu no domingo, rodeado por sua família, uma semana depois de sofrer um enfarto, e encurralado pela Justiça, que nunca conseguiu condená-lo pelos milhares de assassinatos políticos ocorridos durante seus regime.
``Cheguei 10 minutos depois de ele ter morrido. (Minha mãe e minhas irmãs) estavam avisadas de que a situação era complicada. Não sei se isso era esperado ou não. Ele tinha 91 anos'', disse Marco Antonio Pinochet, filho mais novo do ditador, à rádio Agricultura.
O Exército informou que a partir das 10h (11h, horário de Brasília) de segunda-feira haverá orações e missas por Pinochet no salão da Escola Militar, na zona leste de Santiago. Milhares de pessoas são esperadas no velório. Em seguida, o corpo será cremado.
Cerca de 5.000 pessoas saíram para festejar a morte de Pinochet no domingo nas praças Itália e na Alameda, no centro da cidade, e também em alguns bairros emblemáticos. Um grupo de encapuzados entrou em choque com a polícia quando tentava se aproximar do palácio de La Moneda, sede do governo.
Ironicamente, o ex-ditador morreu no Dia Internacional dos Direitos Humanos. Na mesma data, sua mulher, Lucía Hiriart, completou 84 anos.
Durante a ditadura de Pinochet, cerca de 3.000 pessoas morreram ou desapareceram, e outras 28 mil, inclusive a atual presidente, Michelle Bachelet, e sua mãe, foram torturadas.
Sem presenças oficiais
Bachelet não assistirá ao funeral de Pinochet, e só sua ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, representará o governo. Pesquisa do diário La Tercera, publicada no domingo, mostrou que a maioria dos chilenos não queria que o ditador recebesse honras de Estado.
Já a família de Pinochet pediu que nenhum funcionário do governo participe das cerimônias fúnebres. ``Às vezes não existe nobreza, e espero que por respeito a nossa família o governo não participe em nenhum ato que se vá prestar a ele'', disse o filho caçula de Pinochet. ``Não queremos atitudes hipócritas, me parece muito triste.''
Nos últimos anos, Pinochet havia perdido quase toda sua relevância política, e seu nome só voltava a aparecer publicamente por causa de violações a direitos humanos e delitos vinculados a suas contas secretas no exterior, que chegaram a somar cerca de 27 milhões de dólares.
Pinochet fora internado havia oito dias no Hospital Militar, depois de sofrer um ataque cardíaco e com outras complicações, das quais, segundo os médicos, vinha se recuperando progressivamente. Por isso, a notícia da morte foi uma surpresa até para seus familiares.
Às 11h de terça-feira (12h em Brasília), haverá missa de corpo presente no pátio Alpacatal da Escola Militar. Ao final, serão realizadas outras cerimônias fúnebres no pátio de honra do instituto.
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