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O governo da França salvou sua continuidade na segunda-feira (25) após superar três moções de censura no Parlamento - duas da esquerda e outra da direita -, mas deixou claro que está em situação de fragilidade, sem maioria absoluta na Assembleia Nacional e no Senado.
A primeira moção, apresentada pela esquerda, obteve 239 votos, ficando a 50 de conseguir a maioria absoluta que teria forçado o governo a renunciar. Já a moção da direita obteve 90.
A moção foi apresentada após a primeira-ministra Elisabeth Borne recorrer, na semana anterior, a um mecanismo constitucional para aprovar o orçamento de 2023.
A terceira moção, também da esquerda, foi apresentada devido à decisão do governo de forçar a adoção sem um voto das contas da previdência social. Ela só recebeu 150 votos, os dos partidos que a promoveram.
Se a rejeição das três moções era bastante previsível, uma surpresa ficou por conta da líder conservadora Marine Le Pen, que anunciou apoio a uma das moções apresentadas pela esquerda.
Le Pen confessou que a situação "crítica" no país justifica deixar de lado as diferenças ideológicas com a esquerda e disse que não teme as ameaças de dissolver as câmaras e convocar um referendo sobre o presidente do país, Emmanuel Macron, caso alguma moção de censura ao governo emplacasse.
Essa manobra deixou o executivo dependendo dos votos dos 62 parlamentares do partido conservador moderado Os Republicanos, que, de acordo com as pesquisas, são os menos interessados em voltar às urnas.
A bancada da legenda, imersa em um profundo processo de renovação e em busca de um novo líder após o fracasso de sua candidata Valérie Pécresse nas presidenciais de abril, já havia anunciado que não apoiaria nenhuma das duas moções de censura, apesar de suas diferenças com o governo.
Agora, mais do que nunca, Macron deve contar com esses deputados para se manter no poder, depois de ter perdido a maioria absoluta parlamentar nas eleições legislativas de junho.