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Tensão Nuclear

Sem propor solução, carta faz sermão a Bush

Washington – A carta enviada na segunda-feira ao governo americano pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, no que parecia ser um surpreendente gesto de reconciliação e argúcia diplomática, contém um grande número de críticas ao governo de George W. Bush e aos valores ocidentais e nenhuma proposta concreta para solucionar a crise, como havia prometido a república islâmica.

Endereçada a Bush, que é chamado de "Vossa Excelência’’, a carta afirma que o sistema democrático praticado pelo Ocidente fracassou e que o uso de prisões secretas e alguns aspectos da Guerra no Iraque não são compatíveis com os valores cristãos do presidente norte-americano. Mas não faz referência direta às ambições nucleares do Irã, maior ponto de atrito entre os dois países.

O texto, de 18 páginas, escrito em farsi e traduzido para o inglês, é a primeira mensagem pública de um líder iraniano ao governo norte-americano desde que os dois países romperam relações diplomáticas, em 1979.

A Casa Branca confirmou o recebimento da carta e disse que não reagiria a ela. Mas diplomatas norte-americanos que leram a carta disseram ao New York Times que ela oferece uma interessante janela para a mentalidade iraniana. Acrescentaram ainda que o tom da carta indica que será longa a batalha entre Washington e Teerã.

O tom da carta é de sermão. Ahmadinejad descreve os erros e injustiças cometidos pela política externa norte-americana e defende a pesquisa científica, numa das poucas referências à controvérsia nuclear, como "um dos direitos básicos das nações’’.

O líder iraniano também faz analogias entre a invasão do Iraque, em 2003, e as ameaças ao Irã, sugerindo que os EUA usaram pretextos mentirosos para derrubar Saddam Hussein. "Sob o pretexto da existência de armas de destruição de massa, essa grande tragédia engolfou ambos os povos, do ocupante e do ocupado’’.

A fé cristã de Bush é várias vezes mencionada. O presidente iraniano ainda chama os atentados de 11 de Setembro de "horrendo incidente’’, no qual a morte de inocentes foi "deplorável’’, mas questiona: "Por que vários aspectos dos atentados foram mantidos em segredo?"

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