Bernardita Vives Cornejo despertou para um inferno na madrugada de sábado, depois que o violento terremoto no Chile atirou os tijolos da sua casa sobre ela, fraturando sua perna direita.
Era só o começo. Enquanto seus vizinhos corriam para os morros próximos a Constitución, Vives ficou com a perna presa e só lhe restava chorar e pedir socorro quando viu se aproximando a onda gigante do tsunami.
Milagrosamente, a mulher de 43 anos, que não sabe nadar, sobreviveu ao ser arrastada pelo mar até um morro distante do que restou da sua casa.
"Sobrevivi porque saí com a onda, me encomendei a Deus e saí. Estava tranquila porque pensei que ia morrer", disse Vives num leito de hospital. Ela sofreu fratura de fêmur e clavícula, além de pancadas diversas e um grande hematoma no braço esquerdo.
"Num momento me agarrei em dois cabos de eletricidade, e funcionou por um tempo, até que senti que era arrastada. Nesse momento, realmente pensei que isso era tudo."
Vives, vendedora de artesanatos, disse que aproveitou para se agarrar a destroços que flutuavam na onda, mas que vez por outra voltava a ficar submersa. Ela disse que a onda era mais alta que ela, mas afirma não saber quanto tempo permaneceu à deriva ou se ficou consciente o tempo inteiro.
"Eu tinha hipotermia quando me encontraram na manhã seguinte. Estava chorando por ajuda em um morro. É surpreendente estar viva", disse ela.
Estima-se que pelo menos 350 pessoas tenham morrido em Constitución por causa do terremoto de magnitude 8,8 e dos tsunamis subsequentes. Mas o número deve subir, pois ainda há entre 100 e 500 desaparecidos na cidade.
As equipes de resgate dizem que Vives é até agora a única pessoa a ter sobrevivido depois de ser arrastada pela água.
Quatro dias depois do desastre que matou mais de 800 pessoas no centro e sul do Chile, os especialistas ainda têm esperanças de encontrar mais sobreviventes. No dia do terremoto, Constitución estava cheia de turistas que participavam de uma festa anual que marca o final do verão.
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