A Organização Nacional Campesina (Onac), uma organização de camponeses paraguaios, reiterou nesta terça-feira (12) sua luta para expulsar do Paraguai todos os colonos brasileiros que cultivam soja em terras que, acredita a Onac, serão destinadas à reforma agrária.

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Ana Mujica, líder da terceira maior agrupação de sem-terra do país, disse aos jornalistas que nos departamentos (estados) de Concepción e Kanindeyú, a 300 e 500 quilômetros ao norte de Assunção, "os colonos brasileiros ocupam terras sujeitas à reforma agrária, gerando uma situação ilegal. Queremos que o próximo governo os expulse."

"As terras são dos paraguaios. Os estrangeiros não cuidam da ecologia, depredam os montes apenas para cultivar soja," acusou Ana Mujica.

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Recentemente, o maior grande produtor de soja do Paraguai, que mecanizou a produção nas lavouras, Tranquilo Favero, de nacionalidade brasileira, disse que "tenho 35 mil hectares de terras, mas elas são exploradas com racionalidade e inclusive, de acordo com as leis ambientais. Do total, 15 mil hectares são bosques naturais de reserva nativa e eu estou numa boa com os camponeses, não temos problemas."

Outro cidadão brasileiro, Ulisses Teixeira, possui 30 mil hectares dedicados ao cultivo da soja e exploração de madeira, sob controle estatal. Mas 200 sem-terra paraguaios estão acampados nos limites da fazenda de Teixeira, à espera de invadir uma área de 400 hectares no distrito de Aguerito, departamento de San Pedro.

Ao largo de quase 1,3 mil quilômetros de fronteira seca com o Brasil, nos departamentos de Alto Paraná, Kanindeyú e Amambay, existem dezenas de povoados com milhares de imigrantes brasileiros, chamados de 'brasiguaios', dedicados à agricultura.

Claudia ruser, presidente da Associação Paraguaia de Sojicultura, individualizou hoje o camponês Aureliano González, do povoado Lima, como "um agitador e instigador para a invasão iminente da fazenda do colono brasileiro Pedro Coloschinsi. González deve ser detido pela polícia por apologia de delito," disse. Mas ao não haver denúncia na procuradoria, não houve detenção.

O futuro ministro paraguaio de Agricultura e Pecuária, Cándido Vera, denunciou hoje que o líder camponês Elvio Benítez, integrante da Mesa Coordenadora de Organizações Camponesas (MCNOC, na sigla em espanhol) "é um anarquista por anunciar invasões maciças contra propriedades privadas." Vera será ministro do governo do presidente eleito Fernando Lugo, que toma posse no dia 15.

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