O secretário de Justiça americano, Jeff Sessions, emitiu (16) uma ordem para acelerar o processo de deportação de imigrantes ilegais e afirmou que o julgamento dos casos de remoção só poderia ser adiado após a comprovação de "uma boa causa".
A decisão foi criticada por advogados e parlamentares. Mas, segundo Sessions, estabelecer uma boa causa para adiar os casos é importante para limitar o discernimento de juízes de imigração e impedir que eles adiem por qualquer motivo ou mesmo sem razão.
Segundo o secretário, para citar "boa causa" é preciso saber se o imigrante conseguirá se manter no país, seja por asilo ou após receber visto de residência ou trabalho.
Em entrevista à agência Reuters, Stephen Kang, advogado da ACLU, organização de defesa dos direitos civis, qualificou a ordem de Sessions de "perturbadora".
Ele disse que o secretário parece indicar que os imigrantes que tentam ganhar tempo para preparar melhor seus casos estão buscando "burlar o sistema e evitar a deportação". O advogado lembra que os imigrantes precisam de tempo para conseguir ajuda de defensores e ter "seus casos devidamente ouvidos".
Estratégia
Na quinta-feira, o governo americano anunciou a contratação de 23 novos juízes de imigração, o que eleva o total de magistrados do tipo para 351. Até o final do ano, o número de contratados deve subir para 75, segundo o escritório para revisão de imigração. "Contratar mais juízes de imigração e reduzir o tempo para contratar um juiz são dois elementos-chave para diminuir os casos pendentes nos tribunais de imigração", afirmou Sessions na ocasião.
Em abril, o secretário foi responsável por implementar a política de tolerância zero adotada pelo governo Donald Trump contra imigrantes flagrados tentando entrar ilegalmente nos EUA a partir da fronteira com o México.
Famílias passaram a ser separadas e crianças e adolescentes foram enviados para abrigos espalhados pelo país para tentar desestimular novos imigrantes de fazer a travessia.
A forte reação negativa gerada pela medida tanto nos Estados Unidos como na comunidade internacional fez com que, em junho, o presidente Trump recuasse e colocasse um fim às separações de famílias. Cerca de 3.000 menores foram separados dos pais durante a vigência da política de tolerância zero.
- Ameaças de Trump não inibem chegada de imigrantes ilegais aos EUA
- Ex-imigrantes tentam retomar a vida após serem deportados dos Estados Unidos
- América dividida: dono de mecânica é ameaçado de morte depois que imigrante ilegal se escondeu em sua garagem