Cerca de mil pessoas foram mortas no Iraque na última semana, em ataques suicidas, tiroteios e conflitos entre forças de segurança e militantes, segundo informações compiladas por fontes oficiais, como o Ministério do Interior e da Saúde do país árabe. O número se aproxima da estimativa de mais de 1.900 mortos em todo o mês de janeiro , volume divulgado recentemente por autoridades do país.
O governo do Iraque renovou neste domingo a promessa de reprimir militantes, um dia após a explosão do caminhão-bomba que matou mais de 130 pessoas em um mercado em área de maioria xiita de Bagdá . O ataque de sábado foi o pior em número de mortos desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003. A explosão abalou até mesmo os iraquianos acostumados à violência que ameaça afundar o país em uma guerra civil total.
Em novos atos de violência, uma série de bombas e disparos matou 16 pessoas em Bagdá neste domingo, disseram a polícia e moradores, à Reuters. Entre os novos ataques, quatro policiais iraquianos morreram e outras sete pessoas ficaram feridas após a explosão de uma bomba durante a passagem de sua patrulha por uma rua do bairro de al-Kasara.
Segundo fontes policiais, dezenas de vítimas já identificadas foram enterradas na manhã deste domingo, mas parentes ainda buscam pelos mais de 500 feridos no atentado do mercado. Para facilitar as buscas, os hospitais, lotados de feridos, fixam listas de vítimas na porta de entrada das unidades.
Um relatório da inteligência dos EUA afirmou na sexta-feira que a escalada da violência entre a minoria de árabes sunitas e a politicamente dominante maioria xiita atingiu a definição de guerra civil. Segundo o documento, o termo não traduz inteiramente a complexidade do conflito.
- O que fizemos? - disse um idoso, chorando na frente de lojas e casas destruídas no mercado de Sadriya, neste domingo.
Equipes de resgate procuravam por mais corpos em meio aos destroços manchados de sangue. Uma escavadeira foi levada para retirar os escombros do que sobrou de prédios de três andares.
O primeiro-ministro do Iraque, o xiita Nuri al-Maliki, atribuiu a explosão a simpatizantes de Saddam Hussein e outros militantes sunitas.
- O governo está determinado a livrar-se dos terroristas e foras da lei. O ataque de ontem (sábado) é apenas mais uma evidência de sua maldade,'' disse uma fonte do governo.
O gabinete de Maliki disse em comunicado no fim do sábado, referindo-se aos militantes, que o governo "cortará suas raízes, suas fontes e seus simpatizantes''.
Decepção
Em janeiro, o primeiro-ministro prometeu lançar uma ação na capital para acabar com os insurgentes que desafiaram as tentativas do seu governo de assumir o controle da segurança, mas ela ainda não começou.
Campanhas similares deste tipo fracassaram no passado.
O presidente dos EUA, George W. Bush, está mandando mais 21.500 soldados para o Iraque, a maioria para uma ofensiva em Bagdá, apesar da oposição que sofre entre os norte-americanos, principalmente democratas que controlam as duas câmaras do Congresso.
Os iraquianos comuns estão decepcionados com as ações do governo para conter a violência. Xiitas de Sadriya disseram que a milícia Exército Mehdi, controlada pelo clérigo anti-americano Moqtada al-Sadr, deveria tomar o controle da segurança.
- Estamos fartos com o fracasso do governo em nos proteger. Depois de quatro anos, nosso sangue ainda está correndo'', disse Abu Sajad, 37, que vive em Sadriya.
O Pentágono afirmou que o Exército Mehdi representa uma ameaça maior à paz no Iraque do que a Al Qaeda, sunita. Sadr é um aliado político importante de Maliki.
Mais de 300 pessoas ficaram feridas na explosão em Sadriya.
Uma fonte do Ministério do Interior disse que a nova ofensiva em Bagdá deveria concentrar-se nas vias em direção à capital e principalmente em caminhões.
A ofensiva planejada em conjunto por forças dos EUA e do Iraque na capital é considerada um último esforço para conter a violência entre a minoria sunita e a maioria xiita, que domina a política.
Críticos de Maliki dizem que uma ofensiva realizada no último verão fracassou porque o Exército iraquiano comprometeu poucas tropas e porque relutou confrontar o Exército Mehdi.