Os senadores democratas se uniram na noite do último sábado (21), para aprovar o início do debate no plenário do Senado dos Estados Unidos do projeto de lei de reforma do setor de saúde, no valor de US$ 848 bilhões, o primeiro passo da difícil jornada política para obter a aprovação do projeto prioritário do presidente Barack Obama no legislativo.
O líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, conseguiu assegurar os 58 votos de sua bancada e o apoio de dois independentes para evitar uma obstrução à moção de procedimento e abrir o debate da proposta. Por outro lado, Reid não conseguiu atrair qualquer voto favorável dos republicanos. A votação final foi de 60-39 a favor da moção. O senador republicano George Voinovich não participou da votação.
O Senado começará a debater após o recesso de uma semana em observação ao feriado de Ação de Graças, que será celebrado na última semana de novembro.
Duas senadoras democratas de centro, Mary Landrieu e Blanche Lincoln, mantiveram o resultado da votação em dúvida até a tarde de sábado. Um terceiro democrata, o senador Ben Nelson, anunciou que votaria a favor da moção na sexta-feira.
Todos os três alertaram que seu voto a favor da moção não era um sinal de que apoiarão a aprovação final do projeto de lei, sugerindo a dificuldade que Reid enfrenta em equilibrar as alas liberal e moderadas de seu partido. Uma proposta de plano de seguro-saúde público que consta no projeto de lei que os estados podem escolher se vão aderir ou não representa a principal questão que divide os democratas.
Blanche Lincoln disse que ela e outros esperam ter "oportunidades legítimas" para fazer mudanças ao projeto de lei, afirmando que não vai votar a favor de um plano público que foi introduzido pelo líder Reid "como está escrito". Contudo, a senadora, que enfrentará uma dura batalha para reeleição no próximo ano, já começou a receber no sábado ataques com objetivo de abalar seu futuro político.
O projeto de lei do Senado, da mesma forma que uma outra aprovada na Câmara no dia 7 de novembro, vai reduzir enormemente o número de pessoas sem cobertura de seguro-saúde no país por meio da criação de um sistema de crédito tributário para indivíduos comprarem um seguro.
O Escritório do Orçamento do Congresso estima que a lei vai estender a cobertura a 31 milhões de norte-americanos, elevando para 94% o total de habitantes com seguro-saúde.
Compensação
O custo da medida será compensado por meio de uma variedade de provisões que visam a elevar a receita, incluindo um imposto sobre planos de seguro de elevado custo, tarifas anuais sobre seguradoras, companhias farmacêuticas e fabricantes de instrumentos médicos e um corte nos subsídios para planos privados administrados pelo Medicare, conhecidos como Medicare Advantage.
Os republicanos buscam projetar a proposta, que trará mudanças fundamentais ao setor que abrange um sexto da economia dos Estados Unidos, como uma intromissão indevida do governo federal
Os EUA, com uma população de mais de 300 milhões de habitantes, é o único país desenvolvido que não possui um abrangente plano de seguro-saúde nacional. O governo proporciona cobertura para os mais pobres e idosos, mas a maioria dos americanos depende de seguros privados, normalmente obtidos através de seus empregadores.A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou sua versão de um projeto de lei de reforma do setor de saúde no início do mês, por uma votação apertada de 220-215. Na Casa Branca, o porta-voz Robert Gibbs emitiu um comunicado dizendo que o presidente Obama estava gratificado com a votação no Senado que, segundo ele, "nos coloca a um passo mais próximo de acabar com os abusos das seguradoras, contendo a espiral de custos da saúde, proporcionando estabilidade e segurança àqueles com seguro saúde e estendendo cobertura de saúde de qualidade para aqueles que não têm".