O Senado da Argentina aprovou, na quarta-feira à noite, uma grande reforma legislativa, com a confirmação de importantes alterações no sistema político. A mudança é crucial ao governo da presidente Cristina Kirchner, que perderá sua maioria nas duas Casas do Congresso a partir de 10 de dezembro, quando assumem os novos parlamentares vencedores das eleições de 28 de junho, perdidas pela situação. Apesar do revés nas eleições de meio de mandato, a presidente seguirá com os mesmos amplos poderes para atuar.
Muitos argentinos e investidores não gostam da abordagem dura apoiada por Cristina e seu marido e antecessor, Néstor Kirchner, baseada em forte intervenção do Estado em uma série de setores da economia. Desde as eleições parlamentares, havia expectativa de que as mudanças no Congresso poderiam forçar o casal presidencial a moderar sua força.
Pelo contrário, com a reforma, o próprio Néstor Kirchner assumirá agora uma cadeira na Câmara dos Deputados na próxima legislatura, completando uma troca completa de papéis com sua mulher, iniciada quando ela ganhou a Presidência, em 2007. Em uma carreira política de quase 30 anos, Kirchner sempre esteve em cargos executivos, enquanto Cristina seguia no Legislativo.
Alguns analistas políticos acreditam que a presença de Kirchner no Congresso dará à Frente para a Vitória, setor do governista Partido Justicialista onde o ex-líder atua, uma força extra.
O novo cenário ajudará a determinar os parâmetros nos quais será travada a disputa pela Presidência em 2011.