O Senado do Paraguai rejeitou ontem, por ampla maioria, o ingresso da Venezuela no Mercosul, pedido que foi feito em 2006 pelo presidente venezuelano Hugo Chávez. No Senado de 45 cadeiras, 31 senadores votaram contra a adesão da Venezuela, três votaram a favor e 11 não compareceram à sessão.
De acordo com o regulamento, a decisão não poderá ser revisada ou modificada, o que significa que a Venezuela nunca poderá fazer parte do Mercosul com a aprovação paraguaia, disse o presidente do Senado, Jorge Oviedo. Não houve reação do governo da Venezuela até o fechamento desta edição. No dia 24 de junho, dois dias após o Senado paraguaio destituir Lugo, a Venezuela suspendeu o envio de petróleo ao Paraguai.
A cúpula de presidentes dos países do Mercosul que ocorreu em 29 de junho, na cidade argentina de Mendoza, autorizou a incorporação da Venezuela ao Mercosul, mas previamente suspendeu o Paraguai do bloco, por causa da destituição do ex-presidente Fernando Lugo, afastado em processo recorde no Senado do Paraguai em 22 de junho. O Paraguai também está suspenso da União de Nações sul-americanas (Unasul).
A suspensão do Paraguai do Mercosul foi política e não econômica, mas irritou os partidos Liberal e Colorado, de centro-direita e direita, que atualmente controlam o Senado paraguaio e também a Presidência, após o impeachment de Lugo.
Na semana passada, o presidente do Paraguai, Federico Franco, do Partido Liberal, chegou a propor um referendo para que a população paraguaia decida se o país quer continuar ou sair do Mercosul. A eleição presidencial foi confirmada para abril de 2013 e Lugo afirmou que não tentará concorrer. Chávez chamou Franco de "usurpador".
Entre os diplomatas do Mercosul, a decisão do Senado do Paraguai é vista como sem efeito real, considerando que o país estava suspenso quando foi oficializado o ingresso de Caracas.