A Câmara dos Estados Unidos se reuniria ontem à noite para dar um parecer sobre o pacote que adia aumentos de impostos e cortes de gastos que poderiam jogar a economia norte-americana em recessão no primeiro semestre o chamado "abismo fiscal".
Os deputados da Câmara, de maioria republicana, têm três alternativas: rejeitar o acordo; aceitar o pacote do modo como foi aprovado pelo Senado e partir para a votação que decidirá se ele virará lei ou não; ou fazer emendas ao plano e devolvê-lo para o Senado, que teria de refazer a votação. Em tese, não há tempo para a terceira opção, pois as medidas do "abismo fiscal" entram em vigor hoje (ontem foi feriado).
No entanto, a recepção de alguns líderes republicanos para o pacote aprovado pelos senadores foi fria.
Após 36 horas de negociações intensas, a proposta passou no Senado por volta das 5h de ontem, horário de Brasília, com apoio estrondoso de republicanos e democratas, criando uma atmosfera de otimismo em Washington de que os congressistas serão capazes de evitar o "abismo".
O vice-presidente Joe Biden deveria se reunir com a bancada democrata para explicar o pacote aos deputados e pedir seu apoio integral, em nome de Obama.
Muitas concessões feitas nas negociações, conduzidas por Biden e tendo como interlocutor o líder da oposição, senador Mitch McConnell, desagradam integrantes mais à esquerda do Partido Democrata.
Depois, será a vez de a bancada republicana se reunir. Maioria na Câmara, semana passada ela se recusou a votar plano de seu próprio líder, o presidente da Casa, John Boehner, que previa elevação de impostos apenas para americanos e empresas com renda anual superior a US$ 1 milhão.
A lei aprovada no Senado fixou teto de US$ 400 mil anuais para solteiros e US$ 450 mil para famílias. Os limites valem também para tributação sobre dividendos e ganhos de capital.
Analistas e assessores parlamentares acreditam que há chances concretas de o pacote passar por maioria simples na Câmara, com apoio bipartidário. Desde a reeleição de Obama, que fez campanha com a promessa de elevar impostos para os mais ricos, muitos republicanos sinalizaram que votariam com o presidente para evitar o abismo fiscal. A votação no Senado foi possível após democratas cederem uma prorrogação de dois meses no início do corte automático de despesas, que somam US$ 110 bilhões.