O líder da maioria no Senado dos Estados Unidos, o democrata Harry Reid, agendou para a noite deste sábado a votação de um importante procedimento que permitirá que a casa considere formalmente a legislação de reforma do setor de saúde. Será um teste crucial para o governo e o prestígio de Barack Obama, assim como da unidade do partido Democrata.
Se Reid assegurar 60 votos - o número necessário para romper uma obstrução - o Senado começará o debate sobre o projeto de lei depois que os legisladores voltarem do recesso do feriado de Ação de Graças, na próxima quinta-feira. A proposta de reforma, no valor de US$ 848 bilhões, é estender a cobertura de seguro-saúde aos 30 milhões de americanos que ainda não têm um. Os contrários ao projeto de lei marcaram manifestações hoje em pelo menos quatro grandes cidades, incluindo Los Angeles e Chicago.
Líderes democratas estão otimistas, mas eles precisam que cada senador da legenda, assim como os independentes, votem "sim". A votação vai determinar se o debate a respeito do projeto - de 2.074 páginas - do líder da maioria, senador Harry Reid, pode seguir em frente. A proposta quer reconfigurar, de forma dramática, todo o sistema de saúde norte-americano nos próximos dez anos.
Reid abriu a sessão do Senado na manhã de hoje apresentando os pontos principais de seu projeto. A legislação exigirá que a maioria dos americanos compre um plano de seguro-saúde. Bilhões em novos impostos serão cobrados das seguradoras e da população de maior renda para ajudar a cobrir 30 milhões de pessoas que hoje não possuem assistência médica. As companhias de seguro não poderão mais negar cobertura a pessoas com problemas de saúde ou cancelar planos quando um segurado adoecer.
Há pelo menos três senadores democratas em dúvida: Blanche Lincoln, Mary Landrieu e Ben Nelson. Este anunciou hoje que votaria a favor da discussão do projeto, mas argumentou que esta pode não ser sua opinião na votação final. "Não é questão de ser contra ou a favor. Este é apenas o início do debate e uma oportunidade para melhorar o projeto. Se não gosta da proposta, porque jogar fora uma oportunidade de melhorá-la?", questionou.
Sem esses três senadores, Reid terá exatamente os 60 votos necessários para fazer seu projeto de lei prosseguir no Senado. Os 40 republicanos são contra a proposta.
Uma derrota hoje não encerraria definitivamente a proposta de reforma, mas geraria dúvidas a respeito da capacidade dos democratas de se unirem para aprovar questões de seu interesse. Além disso, o debate seria estendido para 2010, quando as eleições para o Congresso dominariam o espectro político, sem deixar espaço para esse tipo de discussão.
Uma vitória democrata, por outro lado, dificilmente garantiria que o plano de Obama, sua maior prioridade, seja aprovado. Democratas moderados devem votar pela continuação do debate hoje mas isso não os torna comprometidos com a votação final.
Esses democratas centristas, oriundos de estados conservadores, desconfiam da concorrência entre estado e seguradoras privadas. Mesmo que o projeto passe no Senado, será difícil conciliar essa proposta com aquela que foi aprovada na Câmara por estreita maioria. Para virar lei, o projeto tem que ser aprovado por ambas as Casas.
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