ONU adverte que intervenção aumentará violência
Agência Estado
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, advertiu ontem que qualquer ação "punitiva" contra a Síria em resposta ao recente ataque com armas químicas pode aumentar a violência no país em guerra civil. Ban também afirmou que a responsabilidade por determinar se armas químicas foram usadas na Síria são da ONU.
Segundo o secretário-geral, os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU são "os principais responsáveis por qualquer direção de uma ação futura, dependendo de análises científicas". Essas análises caberiam exclusivamente aos inspetores da ONU, que deixaram a Síria no sábado passado com amostras do local do acidente. Ban não disse quando as análises laboratoriais dessas amostras ficarão prontas, mas afirmou que seus resultados devem ser submetidos ao Conselho de Segurança. "Este é meu apelo", afirmou.
Alerta
O secretário-geral também alertou nações como os EUA e França de que o ataque à Síria é legal apenas em autodefesa, como determina a ONU, ou se for aprovado pelo Conselho de Segurança. "Devemos evitar aumentar a militarização no conflito e revitalizar a busca por uma solução diplomática", afirmou Ban. "Precisamos considerar o impacto de uma intervenção militar", que, segundo ele, pode aumentar a violência.
Rússia e China usaram seu poder de veto dentro do Conselho de Segurança várias vezes para ações contra o regime do presidente sírio, Bashar Assad. O presidente norte-americano, Barack Obama, recebeu ontem o apoio de líderes do Congresso dos EUA para um ataque à Síria.
234 cadeiras tem o Partido Republicano na Câmara dos Representantes. O Partido Democrata, de Barack Obama, tem 201. Com isso, o governo precisa do apoio dos republicanos para conseguir aprovar o pedido de intervenção militar na Síria.
O Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos fechou na noite de ontem um acordo para uma nova resolução autorizando o governo norte-americano a intervir na Síria. Segundo reportagem do jornal The Washington Post, o novo texto elaborado pelos senadores permite que o governo realize uma ação militar contra o regime do ditador Bashar Assad pelo período de 90 dias. A proposta deve ser votada hoje pelo comitê e na próxima segunda-feira pelo Congresso.
Se aprovada a resolução elaborada pelo Senado, inicialmente serão 60 dias de ofensiva, podendo esse prazo ser prorrogado por mais 30. O texto também veta o envio de tropas militares à Síria, porém, permite que seja formada uma pequena missão de resgate em caso de emergência.
O comitê recebeu os secretários John Kerry (Estado) e Chuck Hagel (Defesa), além do chefe militar dos EUA, general Martin Dempsey, que apresentaram os argumentos do governo a favor da intervenção. "Hoje, apoio a decisão do presidente", disse Robert Menendez, chefe da comissão, no início da audiência.
Ainda ontem o presidente norte-americano, Barack Obama, recebeu um apoio vital à intervenção na Síria após se reunir com o republicano John Boehner, presidente da Câmara dos Representantes. Boehner anunciou que vai endossar o pedido de Obama e instou seus pares a fazerem o mesmo. Eric Cantor, líder dos republicanos na Câmara, também votará a favor. Isso diminui o temor de uma derrota na Casa, dominada pelos republicanos.
Washington acusa Bashar Assad de ter ordenado ataque com armas químicas em Damasco no último dia 21. "Temos inimigos pelo mundo que precisam entender que não vamos tolerar esse tipo de comportamento. E temos aliados no mundo e na região que também precisam saber que os EUA estão prontos para enfrentar o que for necessário", disse Boehner.
Plano de ataque
Ocupado nos últimos dias em negociar com os legisladores, Obama afirmou que já tem um plano de ataque e repetiu que a ação será limitada e não envolverá tropas terrestres, em um esforço para convencer seus interlocutores de que a entrada na Síria "não é o Iraque nem o Afeganistão" conflitos cuja participação americana desagradou a população.
Em importante mudança de discurso, Obama disse que o ataque faz parte de uma estratégia mais ampla, que pode levar a "uma transição para trazer paz e estabilidade, não só à Síria, mas a toda a região". Até então, insistia que a intervenção não visava a uma mudança de regime. "Esse ataque é para mostrar uma mensagem clara não só a Assad, mas também a outros países que estão testando as normas internacionais", afirmou o presidente.
EUA e Israel fazem teste de mísseis
Folhapress
Os governos de Israel e dos EUA testaram ontem, em exercício conjunto, uma versão atualizada do míssil Sparrow, utilizado em simulações de disparos balísticos. A ação fez a agência de notícias russa anunciar que "objetos balísticos" tinham sido detectados no Mediterrâneo em direção ao leste.
Antes do anúncio oficial israelense, os EUA negaram a participação de seus navios. De acordo com o Ministério da Defesa de Israel, ouvido pela reportagem, a ação ocorreu em uma área de testes de uma base israelense.
O disparo foi realizado às 9h15 locais (3h15 em Brasília). O míssil foi, conforme esperado, detectado e rastreado pelo sistema antiaéreo israelense Arrow 3, que intercepta mísseis balísticos lançados contra Israel. Assim como no sistema de defesa aéreo Domo de Ferro, há cooperação americana no desenvolvimento desse equipamento.
Preparação
A mídia russa reportou que os projéteis caíram no mar. A embaixada russa na Síria afirmou não ter havido sinais de explosões em Damasco, capital da Síria. Não houve, também, detecção por radares de alerta no país árabe.
Israel tem-se preparado para um possível ataque. Na semana passada, reservistas foram convocados. Com o anúncio de que a intervenção será votada no Congresso dos EUA, eles foram dispensados. Parte do sistema Domo de Ferro, porém, foi posicionado no norte do país.
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