Roma O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, enfrenta hoje um voto de confiança no Senado para decidir sobre sua permanência no poder. Prodi renunciou na quarta-feira passada, após sua coalizão de centro-esquerda ter perdido uma votação no Senado sobre a política externa do governo. Se perder hoje, Prodi terá de renunciar, espalhando uma crise política que pode levar à formação de um governo de ampla coalizão ou à antecipação das eleições.
Numa última tentativa de conquistar o apoio dos senadores, Prodi fez ontem à noite um discurso de meia hora na Câmara Alta do Parlamento. Ele apresentou um programa de 12 pontos, aprovado no sábado pelos partidos de sua coalizão. O plano fala em cortes de despesas, reforma eleitoral, projetos de infra-estrutura e investimentos no sul do país.
Prodi também reafirmou seu apoio à guerra no Afeganistão foi o pedido de manter o apoio às tropas da Otan no país que levou à derrota no Senado e à sua renúncia na semana passada. Prodi alegou que os 2 mil soldados italianos não estão no Afeganistão só por razões militares, mas para levar "uma cultura do diálogo".
O premier italiano disse ainda que a economia estava se recuperando sob o governo de esquerda e acrescentou, após aplausos irônicos da oposição, que "apesar de esse governo não poder levar todo o mérito, começou a manter as contas sob controle". A oposição considera que o crescimento do PIB é obra sua, uma vez que a mudança de governo aconteceu no mês de maio.
Prodi, que venceu em abril as eleições mais acirradas da história da Itália no pós-guerra, tem uma maioria confortável na Câmara dos Deputados, onde um segundo voto de confiança deve ocorrer na sexta-feira. Desde que assumiu, ele tem maioria de um voto no Senado, e tem contado com o apoio de senadores vitalícios.
Analistas políticos acreditam que Prodi deve vencer o voto de confiança hoje no Senado mesmo sem o apoio dos senadores vitalícios, graças ao retorno dos dois senadores comunistas que se abstiveram na semana passada e ao apoio do senador de esquerda Marco Follini. Prodi deve alcançar 159 votos, contra 156 da oposição. O esperado apoio de cinco senadores vitalícios lhe daria uma confortável maioria de 164.
Senador do opositor Força Itália, Roberto Antonione disse que a tentativa de barganha da coalizão de centro-esquerda com senadores hesitantes foi grotesca. "Você pensaria que isso aqui era um bazar, não um Parlamento."
O ex-primeiro ministro Sílvio Berlusconi condenou a possibilidade de Prodi continuar à frente do governo sob a alegação de que será a repetição de um erro.