O republicano que preside a Comissão de Justiça do Senado acusou nesta quarta-feira o Pentágono de obstruir um inquérito sobre a acusação de que os militares americanos identificaram quatro seqüestradores do 11 de setembro mais de um ano antes dos ataques de 2001.

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O Departamento de Defesa proibiu várias testemunhas de depor à Comissão de Justiça do Senado, enviando em lugar delas um funcionário de primeiro escalão que tinha poucas das informações recolhidas a respeito da Al-Qaeda pela operação secreta "Able Danger".

- A mim parece que pode haver obstrução das atividades da comissão, algo que iremos apurar - disse o presidente da comissão, senador Arlen Specter, que também se queixou de o Pentágono ter enviado centenas de páginas relativas à operação "Able Danger" só no final da noite anterior à audiência, deixando assim os funcionários da comissão sem tempo para examinar o material.

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- O povo americano tem direito a algumas respostas. Não é uma questão de achar culpados. É uma questão de corrigir erros para que não tenhamos uma repetição do 11 de setembro - disse Specter.

O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, disse que o Pentágono não quis participar da audiência por se tratar de uma sessão aberta, na qual seria apresentado material sigiloso sobre a "Able Danger".

- Temos de obedecer as leis relativas às classificações de segurança - disse Rumsfeld a jornalistas.

A Comissão de Serviços Armados da Câmara realizou neste mês uma audiência a portas fechadas sobre a operação. A Comissão de Inteligência do Senado também conduz discretamente a sua investigação, realizando inclusive entrevistas com figuras-chave, segundo assessores.

Entre as testemunhas proibidas de depor estão oficiais de inteligência militar e analistas envolvidos na operação "Able Danger", já extinta, que usava supercomputadores para vasculhar dados públicos em busca de suspeitos de terrorismo.

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Pessoas envolvidas na operação dizem que a "Able Danger" identificou o líder dos atentados de 11 de setembro de 2001, Mohammed Atta, e três outros seqüestradores como sendo membros da Al-Qaeda, já nos primeiros meses de 2000.

O Pentágono reviu a operação e disse não ter encontrado documentos que provem que ela identificou Atta como membro da Al-Qaeda. Mas o tenente-coronel Anthony Shaffer disse publicamente que membros da operação tentaram passar informações ao FBI em três ocasiões em setembro de 2000, mas foram impedidos por advogados do Pentágono.

Grande parte das informações relativas à "Able Danger" foi destruída ainda em 2000.

- Se essa informação tivesse sido compartilhada com o FBI, o 11 de setembro poderia ter sido evitado - disse Specter.

A Comissão do 11 de Setembro, que investigou os ataques que mataram mais de 3 mil pessoas, também não encontrou evidências documentais de que a "Able Danger" tenha identificado Atta e seus cúmplices.

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Mas Slade Gorton, que participou dessa investigação, disse na terça-feira em carta à Comissão de Justiça do Senado que um membro da operação, o capitão da Marinha Scott Phillpott, relatou a um advogado da comissão que viu o nome e a foto de Atta antes dos ataques.

William Dugan, secretário-assistente interino de Defesa para a supervisão da inteligência, disse a Specter que pouco sabia sobre a "Able Danger", que qualquer informação sobre Atta teria sido entregue ao FBI caso fosse obtida sob condições legítimas.