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O senador americano Lindsey Graham afirmou em entrevista na quarta-feira (13) que milhares de brasileiros ricos estavam cruzando ilegalmente a fronteira entre México e Estados Unidos em direção ao estado de Connecticut "vestindo roupas de grife e bolsas da Gucci".
Graham, crítico às políticas de imigração do governo do presidente Joe Biden, havia visitado recentemente a fronteira no estado do Arizona. Em entrevista à emissora americana Fox News, o senador republicano afirmou:
"Tivemos 40 mil brasileiros entrando apenas pelo setor de Yuma em direção a Connecticut vestindo roupas de grife e bolsas da Gucci. Isso não é mais migração econômica. As pessoas estão vendo os EUA abertos. Elas estão tirando vantagem de nós. E não demorará até que um terrorista entre com a multidão."
Durante a entrevista, Graham também criticou a decisão do governo americano de cancelar as batidas policiais em locais de trabalho que resultavam em prisões em massa de migrantes. Segundo ele, isso será um incentivo para as pessoas irem ilegalmente ao país. "Você vem, pede asilo, nunca vai embora. As escolhas políticas de Biden estão em todo o mundo agora", disse.
Lindsey Graham deu mais detalhes sobre a sua declaração a respeito de brasileiros em entrevista ao Washington Post.
"Normalmente, quando você vai para a fronteira, você vê pessoas vestidas com roupas desgastadas e que parecem ter passado pelo inferno", disse ele. "Desta vez, em Yuma, havia dezenas de pessoas que pareciam estar chegando para se hospedar em um hotel - e bem vestidas."
"Isso é algo novo", acrescentou. "Eu aconselharia o governo Biden a fazer o que o governo Obama fez e mandá-los em voos de volta".
Segundo o senador, Connecticut era um dos destinos dos brasileiros, além de outros dois estados que ele não conseguiu lembrar quais eram, com base no que um agente da Patrulha da Fronteira o informou.
Kevin Bishop, um porta-voz de Graham, disse ao Washington Post que o senador apenas relatou o que viu durante a sua viagem à fronteira, e enviou ao jornal fotografias de malas e sapatos feitas no local.
"Milhares de brasileiros chegaram por lá. Como o senador Graham notou em Yuma, a bagagem [dos imigrantes] era melhor do que a dele próprio", afirmou Bishop.
Segundo o Post, nenhuma das bagagens que aparecem nas fotos enviadas parece ser da marca italiana Gucci, e o item de vestuário mais óbvio nas fotos era um par de tênis Puma sem cadarços.
Ainda de acordo com o porta-voz, eles viram bagagens e vestimentas que era "altamente incomuns" para quem supostamente estava viajando pelo deserto, "sem lama ou poeira" e que estavam com etiquetas de companhias aéreas.
"Isso precisa mudar. Acho que o que ocorre é que estão dizendo que se você chegar aos EUA, você pode ficar e viver aqui. O Brasil está se deteriorando agora", afirmou Graham, dizendo que vai conversar com o embaixador brasileiro no país.
Brasileiros chegam aos EUA em números recordes
O senador republicano mencionou um relatório do xerife do Condado de Yuma que afirma que 3.400 migrantes - a maioria do Brasil, Venezuela e Cuba - passaram o final de semana em instalações da Patrulha da Fronteira no local.
De acordo com dados da Proteção de Alfândega e Fronteiras dos EUA, brasileiros foram presos em número recorde neste ano na fronteira sul do país. Nos primeiros 11 meses do ano fiscal de 2021 (período que compreende os meses de outubro de 2020 a agosto deste ano), mais de 46.200 brasileiros foram detidos tentando entrar nos EUA, tornando-se a sexta nacionalidade com mais detidos no país. Segundo esses dados, a migração de brasileiros aos EUA tem aumentado significativamente desde 2018. Em todo o ano de 2019, o número de brasileiros presos foi de cerca de 17.900.