O senador paraguaio Roberto Acevedo, do governista Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) e vítima de um atentado na segunda-feira na cidade de Pedro Juan Caballero, espera um novo ataque "a qualquer momento" disse seu irmão, José Carlos Acevedo. O senador recebeu dois tiros no braço direito "mas sua caminhonete tem sinais de 70 tiros. Meu irmão salvou-se milagrosamente", explicou José Carlos, que é prefeito da cidade.
O motorista e um segurança de Acevedo morreram no ataque.
"A máfia não tem rosto. Recebemos informações de que vários grupos de narcotraficantes se uniram como em uma cooperativa, juntaram dinheiro e colocaram um preço para a vida de meu irmão. Dessa forma, esperamos um novo ataque a qualquer momento contra ele ou contra algum membro da família", disse o prefeito em entrevista à emissora da rádio Aspen de Asunción.
Pedro Juan Cabalero, capital do departamento (Estado) de Amambay, fica a 600 quilômetros ao norte de Assunção, e faz fronteira com Ponta Porã, cidade do Mato Grosso do Sul. Amambay tem grande área de selva fechada onde vários grupos cultivam maconha vendida principalmente no Brasil e na Argentina.
Os jornais de Assunção reproduziram nesta quinta-feira a gravação de uma entrevista que o senador Acevedo concedeu segunda-feira à sua própria emissora de rádio, a Amambay, em em Pedro Juan Caballero, na qual desafiou os traficantes dizendo "não se animaram em me atacar, não me tocaram". Mas cerca de dez horas depois ele foi baleado.
Após ser atendido em um hospital privado, o legislador comparou Pedro Juan Cabalero com a cidade mexicana de Juárez, que se tornou muito violenta nos últimos anos por causa de grupos de narcotraficantes.
O prefeito Acevedo justificou a conduta de que irmão "porque sempre está criticando dos traficantes de drogas como representante do povo e isso lhe custou o ataque. Desde a noite de quarta-feira ele está em sua casa, junto à sua família".
"Nós, os irmãos Acevedo, não abandonaremos Pedro Juan Caballero só por causa da máfia. Aqui falta uma maior presença do Estado com suas forças de segurança para combater a delinquência", disse ele.
O senador Roberto Acevedo recebeu alta na noite de quarta-feira do hospital em que estava. Ele chegou a dizer que poderia deixar a cidade, mas agora garante que continuará em Pedro Juan Caballero. Seus médicos disseram que ele deve repousar mais alguns dias, segundo o diário paraguaio ABC.
Ainda na quarta-feira, um contingente militar chegou a Pedro Juan Caballero para ajudar a garantir a segurança na cidade. O ABC informou que são 150 agentes, que realizam patrulhas desde a noite de quarta-feira.
O envio dos militares foi uma ordem de Fernando Lugo, o presidente paraguaio. Lugo visitou Pedro Juan Caballero na quarta-feira e se encontrou com Acevedo.
Foram presos dois brasileiros, Nevailton Marcos Cordeiro e Eduardo da Silva, como suspeitos de envolvimento no ataque. O ABC citou os dois como "supostos integrantes" do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que atua em presídios no Brasil.
Amambay é um dos cinco departamentos paraguaios onde vigora desde domingo o estado de exceção, tomado para facilitar que as forças oficiais prendam membros do grupo Exército do Povo Paraguaio (EPP). A organização é responsabilizada por ataques contra as forças de segurança e também vários sequestros pelo país.
Na manhã de quarta-feira, policiais paraguaios detiveram outros dois brasileiros na cidade de Pedro Juan Caballero, informou o ABC. Segundo o jornal, Josué dos Santos e Daniel dos Santos podem ser integrantes do PCC. Eles dirigiam um automóvel Gol e pretendiam chegar à casa de um suposto traficante de drogas.
- Lula critica uso da violência na fronteira entre o Brasil e o Paraguai
- Senador paraguaio pedirá militarização de cidade na fronteira com Brasil
- Brasileiros negam envolvimento em ataque contra senador paraguaio
- Paraguai prende brasileiros por atentado a senador, diz jornal
- Ataque a tiros fere senador e mata 2 no Paraguai
Deixe sua opinião