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Investigação

Senadores defendem que Brasil conceda asilo a Edward Snowden

Thomas Shannon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, negou esquema de espionagem com empresas de telecomunicações | Ueslei Marcelino/Reuters
Thomas Shannon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, negou esquema de espionagem com empresas de telecomunicações (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
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Senadores da base e da oposição defenderam ontem que o governo brasileiro conceda asilo ao ex-técnico da CIA Edward Snowden, que vazou documentos que revelaram um sistema de espionagem por satélite na capital federal por parte das equipes da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) e da Agência Central de Inteligência (CIA).

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) chamou o delator de "herói" e lamentou que outros países do continente tenham oferecido asilo a Snowden, enquanto o Brasil, que foi alvo da espionagem, não o fez. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apoiou o pleito do colega.

"A reação mais lógica e mais séria em relação a essa história da espionagem americana seria imediatamente conceder asilo ao Snowden. E nós teríamos condição de saber, nós e o mundo, com mais seriedade e transparência, o que realmente significou a espionagem", disse Requião. "O Snowden é um herói dos Estados Unidos. Amanhã ou depois, a história vai se lembrar do Snowden, e não do Obama, que foi quem acabou sendo responsável pela espionagem na internet no mundo inteiro. É uma vergonha que alguns países latino-americanos tenham oferecido, e nós fiquemos enrolando esse assunto."

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) foi mais duro e exigiu que o governo brasileiro pedisse explicações diretamente ao presidente Barack Obama e, caso não fossem satisfatórias, defendeu que Dilma Rousseff cancele sua viagem com o chefe de Estado a Washington, em outubro.

"Essa denúncia é tão grave que não é suficiente questionar o ministro das Relações Exteriores. O presidente Obama tem que ser questionado, de presidente para presidente. Se as explicações não forem satisfatórias, Dilma tem que cancelar seu compromisso oficial em outubro. A reação do Brasil foi muito tímida e protocolar. O governo brasileiro é tão generoso para dar abrigo a estrangeiros como Cesare Battisti, poderia também sê-lo agora com esse cidadão norte-americano, que inclusive pode ser útil para desvendar os mistérios dessa arapongagem internacional", disse o tucano.

Para o líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP), o governo brasileiro deveria protestar formalmente contra a espionagem a adotar solução tecnológica para evitar a espionagem. O senador, no entanto, não defendeu concessão de asilo a Snowden.

"Defesa nacional é defesa dos cidadãos brasileiros na sua privacidade, que não pode ser violada por um sistema de espionagem como este. Espero que se encontre uma solução diplomática e tecnológica para evitar esse tipo de bisbilhotice", disse Nunes.

Sigilo

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), afirmou que o colegiado também tentará ouvir o jornalista Glenn Greenwald, que recebeu os documentos de Snowden. "São evidências gravíssimas e o Senado quer saber como o governo brasileiro está cobrando providências e atuando nesse caso. O princípio do sigilo é uma premissa civilizatória, não podemos admitir que tenha acontecido e continue acontecendo, que o Brasil tenha se transformado nessa grampolândia internacional."

Prioridade

Reportagens do jornal O Globo afirmaram que Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês), monitorou, na última década, milhões de telefonemas e correspondência eletrônicas de pessoas residentes ou em trânsito no Brasil. A informação foi revelada pelo ex-analista da NSA Edward Snowden. De acordo com o texto, o país aparece em destaque nos mapas da NSA como prioridade no tráfego de telefonia e dados, ao lado da China, Rússia, Irã e Paquistão. O governo americano ainda não se pronunciou oficialmente.

Patriota elogia a disposição dos EUA para o diálogo

O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, voltou a classificar ontem o esquema de espionagem dos EUA a cidadãos e empresas brasileiras de grave e preocupante, mas considerou encorajadora a disposição do governo americano para o diálogo. Patriota descartou a possibilidade de o governo brasileiro mudar sua posição em relação ao pedido de asilo de Edward Snowden, após a revelação, com base nos documentos vazados pelo americano, que o Brasil era um dos principais alvos do sistema de monitoramento dos EUA. "O governo americano está demonstrando disposição para o diálogo, o que considero encorajador, apesar de achar que temos de aprofundar as discussões", disse Patriota. "O governo brasileiro foi claro ao indicar que não responderia a essa correspondência [do Snowden] e não há intenção de receber esse cidadão no Brasil.

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