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Protesto contra o apedrejamento de Sakineh, em Roma: pressão internacional cresce e força Teerã a rever condenação | Creative Commons
Protesto contra o apedrejamento de Sakineh, em Roma: pressão internacional cresce e força Teerã a rever condenação| Foto: Creative Commons

O caso

A iraniana Sakineh Ashtiani, hoje com 43 anos, foi condenada em 2007 a ser apedrejada por ter cometido adultério. Entenda o caso:

Maio de 2006 – Sakineh recebe 99 chibatadas – conforme reza a lei do país – como punição por ter mantido "relacionamento ilícito" com dois outros homens após a morte de seu marido.

Setembro de 2006 – Após a punição, o caso é reaberto por outro tribunal na oportunidade do julgamento de um dos envolvidos na morte de seu marido. Dessa vez, Sakineh é condenada por adultério enquanto ainda estava casada.

Maio de 2007 – A Suprema Corte do Irã confirma a sentença de morte de Sakineh.

Junho de 2010 – Surge o primeiro link no Facebook exprimindo o apelo internacional pelo não apedrejamento de Sakineh.

Julho de 2010 – Os dois filhos de Sakineh escrevem carta aberta ao mundo solicitando ajuda internacional para suspensão da pena de Sakineh. Graças à repercussão internacional do pedido, a execução é adiada. Após a divulgação da carta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz oferta de abrigo à iraniana. A oferta e recusada por Teerã.

Setembro de 2010 – O Vaticano diz que execução por apedrejamento seria uma forma de punição muito brutal. Governo iraniano anuncia a suspensão definitiva da pena de morte por apedrejamento.

O Ministério de Relações Exte­­riores do Irã confirmou ontem que a sentença de morte por apedrejamento contra Sakineh Mo­­hammadi Ashtiani, acusada de adultério, foi suspensa. "O veredicto sobre o caso extramarital foi suspenso e está sendo revisto", afirmou Ramin Mehmanparast, porta-voz da chancelaria, à tevê estatal Press TV.

A embaixada iraniana em Londres, no Reino Unido, já havia anunciado meses atrás a suspensão da condenação por apedrejamento diante das duras críticas de diversos países pela crueldade da punição. O caso, contudo, continuou em julgamento.

Na véspera, o governo iraniano havia afirmado que países estrangeiros não devem interferir no sistema legal do país e deveriam parar de tentar converter o caso em "problema de direitos humanos".

O filho da iraniana disse nesta semana temer que a sentença fosse executada depois do fim do Ramadã, o mês sagrado de jejum dos muçulmanos que acabará em 10 de setembro. Em conversa telefônica com o escritor francês Ber­­nard Henri Levy, Sajjad Mo­­ham­­madi Ashtiani, 22 anos, lembrou que a lei islâmica permite que as execuções sejam retomadas após o mês sagrado.

Ele disse ainda estar sem notícias da mãe desde a suposta confissão exibida pela tevê iraniana em 11 de agosto. "As visitas semanais estão proibidas", afirmou o filho mais velho de Sa­­ki­­neh.

Na semana passada, Sajjad pe­­diu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo pedido de asilo foi rejeitado, que continue insistindo ante o governo do Irã para salvar sua mãe.

Ele contou que sua mãe foi cha­­mada à presença de um juiz, que a condenou a 99 chibatadas. "Isso por uma falsa acusação de difundir a indecência em razão de uma foto que se presumia era dela sem o hijab [um dos tipos de véus utilizados pelas mulheres iranianas]", afirmou o filho de Sakineh ao jornal britânico "Ob­­server".

Mãe de dois filhos, Sakineh foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que Sakineh era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio.

Mesmo assim, ela foi, paralelamente à primeira ação, julgada e condenada por adultério.

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