Belfast (Das agências internacionais) – O grupo separatista católico Exército Republicano Irlandês (IRA) renunciou ao uso da violência como meio de conquistar objetivos políticos, e disse que retomará o processo de desarmamento, num passo dramático para a retomada do processo de paz na Irlanda no Norte, após de 35 anos de luta armada para que a Irlanda do Norte, de maioria protestante, se torne independente do Reino Unido. A Irlanda foi dividida em 1921. O norte foi separado do centro e do sul, que formaram um país independente, a República da Irlanda, predominantemente católica.

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O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, referiu-se ao anúncio do IRA como "um passo de magnitude sem paralelos". O primeiro-ministro da República da Irlanda, Bertie Ahern, também saudou o "fim do IRA como grupo paramilitar". Já os Estados Unidos saudram a medida, mas foram mais cautelosos. "O anúncio do IRA deve ser seguido por ações que demonstrem o compromisso inequívoco do movimento republicano com o Estado de Direito e com a renúncia de todas as atividades paramilitares e criminais", disse a Casa Branca em nota oficial.

O acordo final foi elaborado em negociações lideradas por Gerry Adams, presidente do Sinn Fein, braço político do IRA, e o ministro britânico para a Irlanda do Norte, Peter Hain. Ontem, porém, Hain era uma das vozes cautelosas em torno do anúncio, afirmando que "ainda há um longo caminho antes de um ajuste político".

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Pé atrás

Líderes locais da Irlanda do Norte e alguns analistas alertam para o fato de que o IRA já descumpriu promessas semelhantes no passado e que ainda há questões importantes que não foram respondidas no anúncio de ontem. O IRA declara que todas as suas unidades clandestinas receberam ordem de abandonar as armas e cessar todas as atividades. "A liderança formalmente ordenou o fim da campanha armada", disse o grupo.

"Todos os voluntários foram instruídos a ajudar no desenvolvimento de programas estritamente políticos e democráticos, por meios exclusivamente pacíficos", informa o comando da organização. A declaração do IRA também afirma que John de Chastelain, um general canadense que há anos tenta convencer o IRA a se desarmar, será convidado a testemunhar a desativação de depósitos clandestinos de armas.

Líderes da comunidade protestante da Irlanda do Norte, suspeitando das verdadeiras razões do IRA, disseram que serão necessários vários meses até se convencerem da veracidade das palavras do grupo. Ele notam que, pelos chamados acordos de paz da Sexta-Feira Santa, o IRA deveria ter entregado as armas em meados do ano 2000, mas que só deu início ao processo em 2001, interrompendo-o em 2003.