Manifestantes pró-Rússia constroem barricada em frente a uma base aérea em Kramatorsk, cidade do leste da Ucrânia| Foto: Marko Djurica/Reuters

Clássico

Divisão do país será levada a campo em partida de futebol

Folhapress

A dualidade que divide a Ucrânia e tem causado confrontos estará reproduzida hoje, às 14h do horário de Brasília, no maior clássico do futebol local. Os principais clubes ucranianos, Dínamo de Kiev e Shakhtar Donetsk, se enfrentam hoje na capital Kiev pelo campeonato nacional.

As equipes representam as recentes cisões políticas e geográficas que resultaram em manifestações, violência, deposição do presidente Viktor Yanukovich em fevereiro e mais de 80 mortes no país.

O Dínamo sedia-se na região que apoia majoritariamente a aproximação com a União Europeia e rejeita maiores vínculos com a vizinha Rússia. Já o Shakhtar é do leste, onde predominam o idioma russo, as manifestações pró-Moscou e o apoio a Yanukovich, que foi governador na sua província.

O dono do clube, Rinat Ahkmetov, homem mais rico do país, era amigo do ex-presidente e acusado de financiá-lo em troca de benefícios econômicos.

Os dois times só não ganharam um dos 22 campeonatos ucranianos disputados após o fim da União Soviética – exatamente o primeiro, em 1992.

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Eleição

Sobre a eleição presidencial ucraniana marcada para 25 de maio, a ONU disse que é importante assegurar a livre comunicação de informações e ideias sobre questões públicas e políticas entre cidadãos, candidatos e ocupantes de cargos eletivos.

Habitantes russófonos do leste da Ucrânia mentiram ao se dizerem sob ataque, na tentativa de justificar um envolvimento da Rússia na atual crise, disse um relatório de direitos humanos da ONU divulgado ontem.

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"Apesar de terem ocorrido alguns ataques contra a comunidade étnica russa, eles não foram nem sistemáticos nem disseminados", disse o relatório, preparado com base em duas visitas do secretário-geral-assistente da ONU para direitos humanos, Ivan Simonovic.

"Fotos dos protestos do Maidan, histórias amplamente exageradas de assédio a russos étnicos por extremistas nacionalistas ucranianos e relatos mal-informados de que eles estariam chegando armados para perseguir os russos étnicos da Crimeia foram sistematicamente usados para criar um clima de medo e insegurança que se refletisse no apoio à integração da Crimeia à Federação Russa", disse o texto.

Ódio

O relatório, que analisa os fatos ocorridos até 2 de abril, pede um esforço urgente pela manutenção do Estado de direito, do respeito aos direitos humanos e contra o chamado "discurso do ódio" – seja a retórica nacionalista ou a defesa da violência étnica ou religiosa.

O texto diz ainda que um grupo direitista chamado Setor Direito, que participou dos protestos do Maidan em Kiev, havia causado preocupação à minoria russófona.

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Houve vários relatos de agressões do Setor Direito contra adversários políticos ou representantes do partido que foi deposto do poder no Maidan, afirmou o relatório, que pede investigações sobre o suposto envolvimento desse grupo na morte de agentes do Estado.

Governo lança operação para conter milícias

Reuters

Forças ucranianas lançaram ontem uma "operação especial" contra milícias separatistas no leste da Ucrânia. Apesar da chegada de tropas por via aérea, a ação foi limitada.

Soldados desembarcaram de dois helicópteros em um campo aéreo em Kramatorsk, onde mais cedo repórteres ouviram disparos que pareciam ter o objetivo de impedir o pouso de um avião da Força Aérea. As tropas voltaram atrás depois de serem recebidas com hostilidade por civis locais reunidos em uma barricada quando tentaram deixar o complexo.

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O presidente interino, Olek­­­­­­sander Turchinov, decla­­rou vitória ao dizer que a base aérea foi "liberada".