Homens armados sentam sobre um carro blindado, com uma bandeira russa, em Slaviansk, na Ucrânia| Foto: REUTERS/Gleb Garanich

Brasil

Comunidade ucraniana do Paraná recebe apoio de senadores em Brasília

Da Redação

Representantes da comunidade ucraniana do Paraná estiveram ontem em Brasília, buscando o apoio de deputados e senadores pelo fim dos conflitos no país. Eles participariam de uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Congresso, mas o evento foi cancelado. Apesar do cancelamento, eles se reuniram com alguns senadores, junto aos quais conseguiram apoio à causa ucraniana.

Os ucranianos se reuniram com os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores, Eduardo Suplicy (PT-SP), Ana Amélia (PP-RS) e Alvaro Dias (PSDB-PR). O paranaense prometeu convocar uma audiência pública para discutir a crise na Ucrânia e encaminhar ao governo brasileiro um pedido de apoio à causa ucraniana.

Decepção

"A comunidade ucraniana ficou extremamente decepcionada com a postura do governo brasileiro, que se absteve na ONU e votou contra a Ucrânia na Unesco. Mas estamos trabalhando para que haja uma postura mais firme", disse a embaixatriz da Ucrânia no Brasil, Fabiana Tronenko.

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Separatistas hastearam a bandeira russa em veículos blindados tomados do Exército ucraniano nesta quarta-feira (16), humilhando uma operação do governo de Kiev para recapturar cidades do leste controladas por partidários de Moscou.

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Seis blindados para transporte de tropas foram levados para Slaviansk, cidade tomada pelos rebeldes, aos acenos e gritos de "Rússia! Rússia!". Não ficou claro de imediato se os veículos foram capturados pelos rebeldes ou entregues a eles por desertores ucranianos.

Outros 15 veículos iguais repletos de paraquedistas foram cercados e detidos por uma multidão pró-Rússia em uma cidade perto de uma base aérea. Eles tiveram permissão de se retirar apenas depois que os soldados entregaram os pinos de disparo de seus rifles a um comandante rebelde.

O revés militar demonstra a fraqueza de Kiev na véspera da conferência de paz de quinta-feira (17), quando seu ministro das Relações Exteriores irá encontrar suas contrapartes da Rússia, dos Estados Unidos e da Europa em Genebra, na Suíça.

Moscou reagiu à deposição do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, seu aliado, em fevereiro, anunciando seu direito de intervir militarmente para proteger falantes de russo da ex-União Soviética, uma nova doutrina que subverteu décadas de diplomacia pós-Guerra Fria.

A Rússia anexou a península da Crimeia, região da Ucrânia, no mês passado, e seus apoiadores armados tomaram controle de áreas no coração industrial do leste do país.

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A potência vizinha ainda reuniu milhares de soldados perto da fronteira ucraniana. Uma equipe de reportagem da Reuters que visitou a área fronteiriça no fim da semana passada e novamente nesta quarta-feira (16) disse que a atividade militar russa aumentou marcadamente nos últimos dias, com mais tropas e veículos nas estradas.

Em uma localidade em um campo aberto na região russa de Belgorod, a cerca de 20 quilômetros da fronteira, há agora dez tendas grandes do Exército e cerca de 20 caminhões militares, muito mais que na semana passada, embora um esquadrão de helicópteros de ataque tenha partido.

Até agora, os Estados Unidos e a União Europeia só impuseram sanções pontuais contra uma lista de indivíduos e empresas russas e ucranianas, o que Moscou desdenhou abertamente. Washington e Bruxelas dizem estar trabalhando em medidas muito mais duras.

A UE deu um passo rumo a sanções mais rígidas nesta quarta-feira (16) ao informar seus países membros do provável impacto das medidas propostas em cada um deles. Os países têm uma semana para responder antes de a Comissão Europeia começar a traçar planos.

O governo ucraniano confirmou que seis de seus veículos blindados estão agora nas mãos dos separatistas. Fotos de seus números de série mostram que eles estão entre os veículos mobilizados anteriormente na operação "antiterrorista" do governo.

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Kiev havia enviado o comboio de paraquedistas para capturar um campo aéreo, o início de uma operação para recuperar cidades ocupadas por separatistas que declararam uma "República do Povo" independente na região industrial do Donets.

O governo ucraniano e seus aliados ocidentais acreditam que agentes russos estão coordenando a revolta. Moscou nega estar envolvido e diz que Kiev está precipitando uma guerra civil ao enviar tropas para conter a rebelião.

Kiev busca reafirmar seu controle sem derramamento de sangue, o que teme precipitar uma invasão russa. Sua operação é o primeiro teste do Exército mal preparado do governo, que até agora não teve desempenhando algum em seis meses de distúrbios internos. O governo parece ter recorrido ao uso das tropas depois de perder a fé de que a polícia do leste permaneceria leal.

Kiev classifica o levante como uma repetição descarada da tomada da Crimeia, onde partidários armados da Rússia também ocuparam edifícios, declararam independência e se proclamaram no comando de organismos estatais. A grande diferença até agora é que as tropas russas não compareceram abertamente como fizeram na Crimeia, onde Moscou já tinha bases militares.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) diz haver 40 mil soldados russos reunidos na fronteira, forças que poderiam tomar o leste da Ucrânia em questão de dias.

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São poucas as esperanças de progresso nas conversas em Genebra na quinta-feira (17). Como no caso da Crimeia no mês passado, a diplomacia parece ter perdido o passo em relação aos acontecimentos locais, já que apoiadores da Rússia estabeleceram controle de territórios antes de os países ocidentais esboçarem uma reação.