Homens armados vestindo uniformes da polícia iraquiana cercaram por volta de cem pessoas em um prédio do governo no centro de Bagdá nesta terça-feira (14) e fugiram com elas em carros oficiais, no evento que pode ser o maior seqüestro coletivo visto na capital iraquiana.
Uma fonte do Ministério do Interior disse que 20 funcionários do Ministério da Educação Superior foram pegos. Mas uma porta-voz do próprio departamento disse que dezenas de homens -"100, ou talvez 150"- foram seqüestrados, incluindo visitantes.
As mulheres foram separadas dos homens e presas em uma sala, depois de terem os telefones celulares confiscados. Os homens armados foram ao Diretório de Pesquisa do ministério, que fica no distrito comercial de Karrada, onde a população é de origem religiosa mista, em carros do governo.
"Todas as forças do Ministério do Interior estão em alerta, procurando o grupo. Não sabemos se são terroristas, milicianos ou até mesmo forças do governo", disse o porta-voz do ministério do Interior, o brigadeiro Abdul Kareem Khalaf. Ele recusou-se a dizer quantas pessoas estão desaparecidas.
Diversos seqüestros coletivos foram atribuídos a milícias sectárias que operam dentro das forças de segurança, ou com ajuda da polícia no fornecimento de equipamentos.
A minoria sunita do Iraque, que já dominou o país, e autoridades dos Estados Unidos suspeitam principalmente de partidos muçulmanos xiitas, que estão no poder e controlam o ministério do Interior.
O Ministério da Educação Superior é liderado por um membro do principal bloco político árabe sunita. A maioria dos ministérios tornou-se feudos de partidos.
Escalada de violência
Em julho, em um local não muito longe do prédio atacado nesta terça-feira, cerca de 30 dirigentes esportivos e atletas, incluindo o chefe do Comitê Olímpico Iraquiano, foram capturados durante um encontro por homens armados uniformizados. Alguns foram libertados depois, mas muitos, incluindo o chefe do comitê, nunca mais foram vistos.
No mês passado, 26 trabalhadores de uma fábrica de processamento de alimentos em Bagdá foram capturados em circunstâncias parecidas.
Algumas vítimas de seqüestros são libertadas após pagamento de resgate, mas muitas terminam entre as dezenas de cadáveres encontrados todos os dias nas ruas de Bagdá, amarrados e com sinais de tortura.
Depois do incidente envolvendo os empregados da fábrica de alimentos, o governo afastou alguns oficias de polícia que eram responsáveis pela área e retirou uma brigada inteira de policiais de serviço para fazer novo treinamento.
Washington, que sofre crescente pressão política para começar a retirar seus 150 mil soldados do Iraque, colocou forte ênfase no recrutamento e treinamento de forças de segurança iraquianas, que agora têm mais de 300 mil homens.
Mas sua qualidade e as lealdades sectárias continuam sendo motivo de grave preocupação para o governo, que tenta evitar uma guerra civil.
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