Cinco anos depois de ser sequestrada por guerrilheiros, a ex-candidata a presidente da Colômbia Ingrid Betancourt se tornou um símbolo internacional do sofrimento de milhares de reféns no país.
Fotos e cartazes de Betancourt foram mostrados na Colômbia e na França, países onde ela possui cidadania, enquanto políticos de ambas nações tentam convencer a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) a libertá-la.
A violência da guerra civil colombiana diminuiu durante o governo de Álvaro Uribe, mas parentes de reféns como Betancourt temem que a linha-dura do governo acabe com as esperanças de libertação de seus parentes.
``Ele deveria prestar atenção, ter mais consideração e aceitar se encontrar com guerrilheiros'', disse a mãe da ex-candidata, Yolanda Pulecio, à Reuters em Bogotá. ``Ingrid foi apanhada nesta guerra absurda, embora quisesse fazer tanto pela Colômbia.''
As Farc querem trocar Betancourt e outros 60 reféns por militantes detidos em prisões colombianas, o que seria o primeiro passo num processo de paz. Uribe, cujo pai foi morto há 20 anos pelas Farc durante uma tentativa de sequestro, parece mais flexível desde que foi reeleito, em agosto.
Sua rigidez no combate à guerrilha é aprovada nas pesquisas, mas a população também cobra uma solução para a crise dos reféns.
Uma série de ataques atribuídos pelo governo às Farc no final de 2006 prejudicou as tentativas de negociação, e Uribe nesta semana pediu às Forças Armadas que intensifiquem as buscas por rebeldes.
``As pessoas devem entender que são as Farc que não cedem um só milímetro, que não é culpa do governo'', disse o vice-presidente Francisco Santos, que chegou a ser sequestrado por traficantes quando trabalhava como jornalista.
Estima-se que as Farc, o Exército de Libertação Nacional (ELN, outra guerrilha marxista) e criminosos comuns mantenham 3.170 reféns na Colômbia.
As Farc, que surgiram na década de 1960 lutando pela implantação do socialismo, hoje em dia se financiam com o narcotráfico e com o pagamento de resgates em seqüestros. Alguns reféns, porém, são mantidos por razões políticas. Há dezenas de policiais, soldados e políticos no cativeiro, alguns há nove anos.
Betancourt, 45 anos, disputava a presidência como candidata independente quando foi capturada junto com sua candidata a vice, Carla Rojas, em 23 de fevereiro de 2002, durante uma viagem no remoto Departamento de Caquetá. Betancourt foi vista pela última vez em um vídeo divulgado em agosto de 2003 pelos rebeldes.