O representante legal da Sérvia no processo movido pela Bósnia contra a ex-Iugoslávia por genocídio, Radoslav Stojanovic, considerou que a decisão judicial que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) publicará no próximo dia 26 será favorável ao seu país.
"No processo, partimos de uma postura básica de que ninguém pode provar que a Sérvia e o povo sérvio tenham tido a intenção de aniquilar o povo muçulmano bósnio", explicou Stojanovic. Ele chefia a equipe de especialistas sérvios no processo.
"Sem a intenção, não há crime de genocídio", disse Stojanovic à imprensa sérvia. O advogado acrescentou que sua equipe mostrou que uma longa série de afirmações na queixa bósnia não corresponde à verdade.
Segundo Stojanovic, a acusação da Bósnia "parece mais propaganda bélica" e há muito poucos fatos fundamentados.
A Bósnia apresentou em março de 1993 uma queixa na CIJ contra a então Iugoslávia por genocídio e agressão na guerra de 1992 a 1995.
O processo começou há um ano em Haia. A equipe legal sérvia pediu então uma solução diplomática para o litígio, em nome da reconciliação nacional e das relações de boa vizinhança.
Durante o processo, os sérvios também questionaram a competência do tribunal para julgar o caso, já que, quando foi acusada, a Iugoslávia não era membro da ONU, que fundou a CIJ. Mas a corte decidiu tramitar o caso.
Representantes da Bósnia, além de pedir que a Sérvia-Montenegro fosse proclamada culpada, também pediram uma alta indenização pelos danos materiais causados durante a guerra.
Os sérvios bósnios não participaram da apresentação da queixa, que consideram "ilegal e ilegítima", e em várias ocasiões tentaram a sua retirada.
Em dezembro passado, Montenegro solicitou à CIJ ser excluído do processo, após ter proclamado a sua independência, e argumentou que a Sérvia era a sucessora legal da antiga Iugoslávia.
Na guerra da Bósnia morreram cerca de 100 mil pessoas, em sua maioria muçulmanos, segundo dados de um instituto de pesquisas de Sarajevo.
O pior crime de guerra aconteceu em julho de 1995, quando até 8 mil muçulmanos foram assassinados depois de as tropas servo-bósnias, sob o comando do general Ratko Mladic, tomarem o enclave de Srebrenica.
O Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) acusou Mladic e o ex-líder político Radovan Karadzic de genocídio pelo massacre de Srebrenica. Os dois estão foragidos.
A captura e entrega de Mladic, que supostamente se esconde na Sérvia, é uma condição estabelecida para que o país possa retomar as negociações de associação à União Européia (UE).