O serviço de emergência israelense Magen David Adom foi expulso ontem do Parlamento após se recusar a retirar o sangue da parlamentar Pnina Tamano-Shata. Eles seguiam orientação do Ministério da Saúde em relação a doações vindas da comunidade etíope.
O governo israelense proíbe a doação de indivíduos que sejam considerados de risco para a transmissão do vírus da HIV, o que inclui africanos, gays ou quem tenha retornado recentemente, por exemplo, de países da África central.
Tamano-Shata, nativa da Etiópia, é membro do Parlamento representando o partido Yesh Atid, que é parte da atual coalizão governista sob a liderança do ministro das Finanças, Yair Lapid. Ela foi apoiada por membros de outros partidos quando da recusa para a sua doação.
A porta-voz da parlamentar afirmou que Tamano-Shata não está conversando com a imprensa sobre o incidente. Mas ela reforça sua posição de pedir que as regulamentações sejam modificadas no país."Não é possível que a comunidade etíope faça parte da sociedade israelense e, ao mesmo tempo, seja impedida de doar sangue. Isso significa que as pessoas não são iguais, aqui."
Yuli Edelstein, porta-voz do Parlamento, afirmou à imprensa estar chocado com o ocorrido. Ele pediu a interrupção da doação de sangue enquanto houver investigação. "Achei que [incidentes desse tipo] fossem uma coisa do nosso passado, mas me parece que eu estava errado. Esse fenômeno é inaceitável e não pode ocorrer aqui."
O Magen David Adom, "estrela vermelha de Davi", é parte da federação internacional da Cruz Vermelha. A coleta realizada no Parlamento tinha por objetivo preparar o banco de sangue para a chegada do inverno, no país. Hoje foi registrada a pior neve do mês de dezembro desde 1953 em Israel.
"De acordo com o regulamento [do Ministério da Saúde], é proibido usar em transfusão sangue que tenha sido doado por pessoas que nasceram ou viveram por mais de um ano, desde 1977, em países em que a presença do vírus da HIV é alta", afirmou o Magen David Adom em comunicado recebido pela reportagem.
A regra não é aplicada a membros da comunidade etíope nascidos em Israel.Os imigrantes etíopes vieram a Israel em duas grandes levas, uma em 1984 ("Operação Moisés") e outra em 1991 ("Operação Salomão"). Essa comunidade reclama, porém, da discriminação contra judeus negros no país. Há discrepância, por exemplo, nos salários e nas oportunidades de emprego.