Trabalhadores do setor público francês fizeram greve, nesta terça-feira, atrapalhando o funcionamento de trens e escolas, em outro desafio para o presidente Nicolas Sarkozy. No domingo, o líder sofreu uma dura derrota em eleições regionais e, um dia depois, promoveu mudanças em seu gabinete. A polícia disse que 31 mil manifestantes protestaram em Paris, mas a maior central sindical do país, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) afirmou que aconteceram 180 passeatas no país, com 60 mil pessoas apenas na manifestação parisiense e 650 mil em toda a França.
Os principais sindicatos da França convocaram o dia nacional de ação em protesto contra cortes de empregos e planos para reformar o sistema de pensões, itens centrais na agenda de Sarkozy para a segunda metade de seu mandato.
Apesar das pesquisas mostrarem que apenas um em cada três franceses desejar que Sarkozy concorra a um segundo mandato em 2012, a resposta do governo foi desafiadora. O primeiro-ministro François Fillon disse a parlamentares que as mudanças são necessárias e continuarão mesmo com a derrota eleitoral do domingo passado.
"Nós não vamos comprometer a necessidade de modernizar nosso país. Nosso dever é adaptar nossa organização social e econômica ao modo de vida francês", disse Fillon.
Os trens metropolitanos de Paris enfrentavam alguns problemas, com apenas a metade dos vagões circulando nas linhas suburbanas. A autoridade ferroviária estatal SNCF informou que quase dois terços dos trens de alta velocidade TGV estavam circulando.
Entre 20% e 30% dos professores das escolas primárias e de ensino médio cruzaram os braços, informou o Ministério da Educação na tarde de hoje. Cerca de 16% dos funcionários públicos do Ministério de Finanças não compareceram ao trabalho, enquanto no Ministério do Orçamento 37,5% dos servidores não foram trabalhar. Os sindicatos protestam também pelo plano do governo de substituir apenas metade dos funcionários públicos que se aposentarem.
O líder da CGT Bernard Thibault pediu que Sarkozy altere sua política econômica e com urgência combata o desemprego, atualmente em 10%, e também a piora das condições de vida da população. "A questão é seguir em nova direção nas políticas econômicas e sociais", disse Thibault.
Líderes sindicais ressaltaram que a greve busca levar os temas trabalhistas novamente ao topo da agenda política. "Nós precisamos enviar uma mensagem forte ao governo", notou François Chereque, dirigente do sindicato CFDT.
Os trabalhadores franceses se sentem cada vez mais "abandonados" pelo governo de Sarkozy, disse Chereque. "O governo precisa mudar seus métodos", defendeu.
Doze por cento dos trabalhadores dos correios participavam da paralisação, segundo o serviço postal.
A reforma ministerial anunciada na segunda-feira por Sarkozy atingiu o Ministério do Trabalho. O ministro Xavier Darcos perdeu seu cargo, que passará a ser ocupado por Éric Woerth, até então ministro do Orçamento.
Muitos ativistas dos sindicatos se mobilizavam contra o plano de Sarkozy para elevar a idade legal para aposentadoria, provavelmente para 62 anos. A idade oficial para a aposentadoria no país é hoje de 60 anos, mas varia conforme a categoria do trabalhador. O governo argumenta que elevar a idade para a aposentadoria é a única forma de manter o sistema de generosos benefícios em funcionamento.
Falar sobre aumentar a idade para a aposentadoria é um tabu na França, onde o direito da aposentadoria aos 60 anos está garantido desde 1982, um legado do governo do presidente socialista François Mitterrand.
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