O governo da Sérvia decidiu fazer um esforço diplomático para evitar que países reconheçam a independência de Kosovo.
Na quinta-feira, a Corte Internacional de Justiça, instância jurídica suprema da ONU, afirmou que a declaração de independência dos kosovares, feita em 2008, não fere o direito internacional.
A Sérvia discorda e considera a região parte de seu território. Neste fim de semana, 55 representantes do governo sérvio serão enviados a outros países para fazer lobby pelo não reconhecimento da independência.
Até agora, 69 dos 192 países da ONU já reconhecem Kosovo como nação autônoma. Para fazerem parte da ONU, os kosovares precisam da aprovação de dois terços do total de países presentes na votação, mais o voto dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.
Destes, EUA, Reino Unido e França já aceitaram. Faltam China e Rússia, países que também enfrentam problemas com separatistas.
O governo de Kosovo também vai enviar representantes para atrair o apoio de mais países. Vai ainda se concentrar em conversas na ONU, em Nova York, antes da Assembleia Geral, marcada para setembro. Há o receio de que a afirmação da corte incentive outras regiões separatistas a declarar independência de forma unilateral.
"É um precedente muito perigoso. Abriram a caixa de Pandora, e ela precisa ser fechada antes que algo saia de lá, disse Vuk Jeremic, ministro sérvio das Relações Exteriores que tem interesse em difundir o risco separatista.
Os EUA e países europeus dizem que a situação dos kosovares é distinta, uma vez que sofreram uma "limpeza étnica nos anos 90 promovida pelo então presidente sérvio Slobodan Milosevic. O processo obrigou a Otan a bombardear a Sérvia e transformar Kosovo num protetorado da ONU.
Mesmo assim, separatistas da Espanha festejaram a decisão da corte da ONU. Já o governo espanhol disse que continua a não reconhecer a independência kosovar e que a comparação da situação local com a balcânica é irreal.