Albanesa de Kosovo passa por monumento em homenagem à independência, em Pristina: divisão da Sérvia| Foto: Nimani Armend/AFP

Temor

Espanha refuta comparação

Temendo uma reação dos grupos que reivindicam a separação do País Basco e da Catalunha, o governo espanhol afirmou que ninguém "com senso de responsabilidade’’ pode fazer uma comparação entre a realidade da Espanha e da Sérvia e reiterou que não reconhecerá a independência do Kosovo.

A primeira vice-presidente do governo, María Teresa Fernández de la Veja, se referiu às possíveis aspirações de soberania que Kosovo pode encorajar na Espanha. Na sua opinião, as duas situações não têm nada a ver e seria "bastante irreal’’ estabelecer uma correlação entre a Espanha e os Bálcãs, uma região – lembrou a vice-presidente – que sofreu o conflito bélico "mais sangrento’’ da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Já o presidente do Partido Nacionalista Basco (PNV), Iñigo Urkullu, celebrou o aval da Corte Internacional de Justiça à declaração unilateral de independência do Kosovo e opinou que, embora a resolução não seja vinculativa, a Espanha "deveria reconhecer o exercício da livre determinação dos povos desde a especificidade de cada um’’.

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O governo da Sérvia decidiu fa­­zer um esforço diplomático para evitar que países reconheçam a independência de Kosovo.

Na quinta-feira, a Corte Inter­­nacional de Justiça, instância jurídica suprema da ONU, afirmou que a declaração de independência dos kosovares, feita em 2008, não fere o direito internacional.

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A Sérvia discorda e considera a região parte de seu território. Neste fim de semana, 55 representantes do governo sérvio se­­rão enviados a outros países para fazer lobby pelo não reconhecimento da independência.

Até agora, 69 dos 192 países da ONU já reconhecem Kosovo como nação autônoma. Para fa­­zerem parte da ONU, os kosovares precisam da aprovação de dois terços do total de países presentes na votação, mais o voto dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.

Destes, EUA, Reino Unido e França já aceitaram. Faltam Chi­­na e Rússia, países que também enfrentam problemas com separatistas.

O governo de Kosovo também vai enviar representantes para atrair o apoio de mais países. Vai ainda se concentrar em conversas na ONU, em Nova York, antes da Assembleia Ge­­ral, marcada para setembro. Há o receio de que a afirmação da corte incentive outras re­­giões separatistas a declarar independência de forma unilateral.

"É um precedente muito perigoso. Abriram a caixa de Pando­­ra, e ela precisa ser fechada antes que algo saia de lᒒ, disse Vuk Je­­remic, ministro sérvio das Re­­lações Exteriores que tem interesse em difundir o risco separatista.

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Os EUA e países europeus dizem que a situação dos kosovares é distinta, uma vez que sofreram uma "limpeza étnica’’ nos anos 90 promovida pelo então presidente sérvio Slobodan Mi­­losevic. O processo obrigou a Otan a bombardear a Sérvia e transformar Kosovo num protetorado da ONU.

Mesmo assim, separatistas da Espanha festejaram a decisão da corte da ONU. Já o governo espanhol disse que continua a não re­­conhecer a independência ko­­so­­var e que a comparação da si­­tua­­ção local com a balcânica é irreal.