Curitiba "Estou viva e em liberdade, isso é o que mais importa neste momento". A frase é da curitibana Mônica Vassão, de 25 anos, que passou, segundo ela, os piores dias de sua vida dentro do Superdome um estádio que para ela foi como uma espécie de prisão. A estudante ficou no local por cinco dias por conta do furacão Katrina que quase varreu a cidade turística de Nova Orleans do mapa dos Estados Unidos, na semana passada. Ela e a amiga mineira Letícia Figueiredo Alvarez da Silva Campos, de 21 anos, chegaram na madrugada de sábado às 2 horas em Dallas, no Texas. Foram recebidas pelo cônsul brasileiro, Carlos Pimentel, que as levou para um hotel. Até o começo da manhã as duas se revezavam em telefonemas emocionados para a família e em entrevistas. "Estamos muito cansadas, mas felizes", resume Mônica. Sua mãe, Vera Vassão, comemorou a ligação da filha com a seguinte frase: "hoje é um bom dia, graças a Deus".
Dos sete dias desde o início dos estragos e do sofrimento causados pelo Katrina, Mônica afirma que tirou muitas lições. A primeira delas é que aprendeu a ser mais solidária e tolerante. "Temos que ser muito, mas muito pacientes diante das situações colocadas na vida", afirmou por telefone durante a entrevista concedida à reportagem da Gazeta do Povo. Sobre o trabalho de ajuda feito às vítimas do furacão, ela elogiou a ação dos soldados norte-americanos. "Tinha militar que havia perdido tudo e mesmo assim estava ali, disposto a ajuda e a socorrer. Me comovi com a ação humanitária prestada por eles. Sempre tentaram fazer o melhor possível". Ela conta que o mais urgente hoje é o envio de mantimentos e roupas para as famílias de desabrigados.
Mônica e Letícia voltam para a casa de suas famílias no dia 13. "O que mais preciso neste momento é de minha família. Espero conseguir viajar também". A curitibana mora há sete meses com uma família norte-americana em Kansas City, no estado do Missouri. Em troca do cuidado de duas meninas (1 e 3 anos), ela tem seus estudos pagos. O intercâmbio termina em fevereiro de 2006. A mineira também estuda há um ano nos EUA. As duas se conheceram na universidade de Kansas e resolveram viajar juntas de férias para Disney, Miami e Nova Orleans.
Dificuldades
Luiz Cláudio Sória, pai da outra curitibana Janaína Perin, que está em Houston, disse que na sexta-feira à noite conseguiu falar com a filha. "Eles ainda enfrentam dificuldade para receber alimentos", contou. Janaína, que mora em Nova Orleans há quatro anos, saiu da cidade no domingo e desde então ocupa uma quitinete de uma parente de seu marido, o norte-americano Ryan Brawder. No pequeno apartamento estão outras 11 pessoas, sendo duas crianças, três diabéticos e uma senhora de idade com problemas mentais.
O pai de Janaína prometeu à filha encaminhar roupas, mas os altos custos do transporte aéreo inviabiliza o envio dessa ajuda. Cada quilo custa US$ 5. Ele faz um apelo às companhias para que concedam um desconto ou isentem de pagamento, já que é uma ajuda humanitária o que está tentando fazer.
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