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Ponto de checagem de segurança no Aeroporto Internacional Logan, em Boston, nos EUA | BS/HBBRIAN SNYDER
Ponto de checagem de segurança no Aeroporto Internacional Logan, em Boston, nos EUA| Foto: BS/HBBRIAN SNYDER

A Alfândega e o Serviço de Proteção de Fronteira dos EUA (CBP, na sigla em inglês) reteve um pesquisador iraniano da área de oncologia e sua família – incluindo um bebê – por mais de 24 horas no Aeroporto Internacional Logan e os forçaram a sair do país, disseram oficiais federais na terça-feira. Mohsen Dehnavi, 32 anos, é pai de três filhos e estava viajando para Massachusetts com um visto de intercâmbio para realizar uma pesquisa de pós-doutorado no Boston Children's Hospital, um espaço reconhecido afiliado à Universidade de Harvard. 

"Esse indivíduo foi considerado inadmissível nos EUA com base em informações descobertas durante a inspeção feita pelo CBP, sem razões relacionadas à Ordem Executiva de Trump", disse Stephanie Malin, porta-voz do CBP, em uma declaração. "Como é de costume com indivíduos recusados no país, eles serão deportados no próximo vôo possível". 

O episódio aconteceu pouco mais de duas semanas depois da Suprema Corte ter permitido a manutenção pela administração de Trump de uma versão modificada da proibição de viagem, que impede a entrada de cidadãos do Irã e outros cinco países de maioria muçulmana nos EUA. 

Oficiais federais disseram que a expulsão de Dehnavi não tinha nenhuma relação com a proibição de viagem imposta pelo presidente. Mas eles também não falaram o motivo pelo qual Dehnavi foi deportado, alegando leis de privacidade. 

A porta-voz Malin informou apenas motivos genéricos pelos quais alguém poderia ter sua entrada nos EUA recusada. 

"Para demonstrar que é admissível, um requerente deve superar todos os motivos de inadmissibilidade, incluindo motivos relacionados à saúde, criminalidade, razões de segurança, cobrança pública, certificação do trabalho, entrada ilegal e violações de imigração, requisitos de documentação e motivos diversos", ela disse. 

O Boston Children's Hospital pediu que o CBP soltasse Dehnavi e sua família e chegou a mandar um advogado para o aeroporto. 

"O Dr. Dehnavi está visitando um pesquisador do Boston Children's com sua esposa e três filhos com um visto regular", escreveu por email Rob Graham, porta-voz do hospital. "Esperamos que a situação se resolva rapidamente e que o dr. Dehnavi e sua família possam ser recebidos nos EUA". 

Trita Parsi, presidente do Conselho Nacional Irano-americano, uma organização de base de Washington, disse que recebeu uma mensagem às 2h da manhã de terça-feira de um amigo de Dehnavi que esperava a família no aeroporto desde segunda-feira. 

Segundo Parsi, o amigo, Mohammad Rashidian, também pesquisador no hospital, disse que os oficiais federais alegaram que Dehnavi tinha um problema de documentação, mas sem explicar qual era o problema. Rashidian disse que o amigo não pôde se comunicar e que os parentes no Irã estão preocupados com a situação. 

Se o homem está lidando com uma questão de documentação, ele não poderia ter embarcado no avião, segundo Parsi. "Como ele consegue chegar tão longe para ser recusado aqui?", pergunta. "Eles não estão sendo acessíveis". 

O Aeroporto Internacional Logan foi palco de grandes protestos depois que Trump impôs a primeira proibição de viagem em 27 de janeiro, que logo foi segurada pelas cortes federais e revista pela administração em março. Muitas instituições alegaram que a proibição é discriminatória, enquanto o governo alega que estão tentando melhorar a segurança nacional. 

A Suprema Corte permitiu que uma versão modificada da proibição de viagem entrasse em vigor esse mês até que o caso volte aos tribunais em outubro. A proibição é válida temporariamente para visitantes e refugiados do Irã e outros cinco países de maioria muçulmana: Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen. 

Parsi disse que, mesmo sem a proibição oficial, o governo de Trump já parece estar proibindo viajantes dos seis países. Ele disse que a emissão de vistos para iranianos, o grupo mais afetado, está baixo. Ele ouviu dizer que as entrevistas para o visto são canceladas e não são remarcadas. 

Nas novas regras, avós, netos, tios, tias, primos e noivos não têm permissão de entrar nos EUA. Parsi se questiona como proibir a entrada de um pesquisador como Dehnavi ou de avós melhora a segurança nacional. 

"Isso está fazendo os EUA menos seguros", diz. "Está tirando nossos olhos do problema real". 

Dehnavi estava viajando com um visto que fornece para milhares de visitantes um ano para experienciar a "sociedade e cultura dos EUA e se envolver com os americanos", de acordo com o Departamento de Estado.

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