Seul deu disparos de advertência nesta segunda-feira (8) contra um barco patrulha norte-coreano, em um novo incidente entre as duas Coreias depois que Pyongyang lançou um míssil de longo alcance, fato condenado pelo Conselho de Segurança da ONU.
Segundo ministério da Defesa da Coreia do Sul, um barco norte-coreano cruzou o Mar Amarelo na fronteira disputada entre os dois países. A embarcação bateu em retirada depois dos disparos de advertência, segundo a fonte.
Incidentes como este são bastante frequentes entre as duas Coreais, que não têm um acordo sobre a localização de sua fronteira marítima no Mar Amarelo.
Seul se encontra em alerta reforçado depois do quarto teste nuclear da Coreia do Norte em 6 de janeiro e o lançamento de um míssil no domingo.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas ONU condenou energicamente no domingo (7), após uma reunião de urgência, o lançamento do foguete e anunciou que aprovará sanções “em resposta a estas perigosas e graves violações” da Coreia do Norte.
Pyongyang anunciou no domingo ter colocado um satélite em órbita, cujo lançamento foi condenado pela comunidade internacional.
Acredita-se que possa ter sido um teste de um míssil balístico intercontinental.
Poucas horas depois do anúncio, a Coreia do Sul e os Estados Unidos anunciaram o início de negociações para mobilizar em território sul-coreano o sistema anti-mísseis americano THAAD, um dos mais modernos do mundo.
Em Nova York, a declaração do Conselho de Segurança foi aprovada em uma sessão de emergência por seus 15 membros, incluindo a China, o principal aliado de Pyongyang.
“Os membros do Conselho de Segurança adotarão rapidamente uma nova resolução do Conselho, impondo medidas significativas em resposta a estas perigosas e graves violações” de resoluções da ONU, informa a declaração
Ignorando as resoluções das Nações Unidas e as advertências prévias das grandes potências, o lançamento ocorreu um mês depois de a Coreia do Norte realizar seu quarto teste nuclear.
O foguete foi lançado da base de Dongchang-ri, no nordeste do país, às 9h locais (22h30 em Brasília, do dia anterior). O lançamento foi ordenado pessoalmente pelo líder Kim Jong-un e “colocou em órbita com sucesso nosso satélite de observação terrestre Kwangmyong 4”, informou a televisão governamental.
A colocação em órbita do satélite não pôde ser confirmada, mas uma fonte americana de defesa disse que, ao que parece, “houve algo que chegou ao espaço”.
A Coreia do Norte insiste em que o lançamento é parte de um programa espacial exclusivamente científico, mas muitos países consideram-no um teste camuflado para melhorar o regime de mísseis intercontinentais capazes de transportar bombas atômicas para qualquer lugar do planeta.
“Os programas de mísseis e armas nucleares da Coreia do Norte representam sérias ameaças para nossos interesses (...) e para a segurança de alguns de nossos aliados mais próximos”, disse em Washington a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Susan Rice.
Em Seul, o comandante do Oitavo Exército dos Estados Unidos com sede na Coreia do Sul, tenente-general Thomas Vandal, disse em companhia de um funcionário sul-coreano que é “hora de avançar” no tema da utilização do sistema antimísseis THAAD.
“Decidiu-se abrir oficialmente negociações sobre a possibilidade de utilizar o sistema THAAD [Terminal High Altitude Area Defense] no marco dos esforços para reforçar a defesa antimísseis da aliança Coreia do Sul-EUA”, anunciou Ryu Je-Seung, funcionário do Ministério sul-coreano da Defesa.
Em Pequim, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, manifestou seu “pesar pela insistência da República Democrática Popular da Coreia de realizar um lançamento de mísseis, apesar da oposição internacional”.
A Coreia do Norte “tem o direito ao uso pacífico do espaço, mas este direito está limitado pelas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, recordou a porta-voz chinesa.
Já o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, “condenou com firmeza” o lançamento e pediu à Coreia do Norte que ponha fim em suas ações “provocadoras”.
A União Europeia acusou Pyongyang de cometer uma “nova grave violação (...) de suas obrigações internacionais”.
Rússia, Grã-Bretanha e Japão também condenaram o lançamento norte-coreano, enquanto que, em uma mensagem transmitida pela televisão, a presidente sul-coreana, Park Geun-Hey, afirmou que “o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve adotar rapidamente medidas punitivas severas”.
Em 6 de janeiro, a Coreia do Norte realizou um teste nuclear, também violando as resoluções da ONU.
Alguns especialistas duvidam, porém, da capacidade da Coreia do Norte para ameaçar o território de países como Estados Unidos, já que lançar um míssil intercontinental é relativamente fácil em comparação com a tecnologia para o reingresso controlado na atmosfera.
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