Ela era tudo o que o Hamas detesta. Mulher alemã independente de 22 anos, tatuadora, em Israel para participar de um festival de música na faixa de Gaza. Shani Nicole Louk ficou conhecida nas piores circunstâncias imagináveis. Após a maior invasão a Israel em meio século, promovida pelo grupo extremista com patrocínio do regime iraniano no último sábado (7), ela foi uma das centenas de vítimas entre os participantes do “Tribo de Nova”, o “festival de música da paz”. Em vídeo que circulou nas redes sociais, seu corpo foi exibido como um troféu na carroceria de uma picape pelos terroristas, seu cabelo com dreadlocks descoloridos repuxado, sua pele cuspida, suas roupas arrancadas, seus membros dobrados em ângulos estranhos.
A família de Shani disse à revista Der Spiegel que não tem notícias dela desde a manhã de sábado e que seu cartão de crédito foi utilizado de forma suspeita. A mãe, Ricarda Louk, publicou um vídeo no X (Twitter) ainda expressando esperança de a filha estar “inconsciente”, em vez de morta, e atribuindo o “sequestro” ao Hamas. Ela confirma a identidade da filha, dizendo que o vídeo a mostrava “claramente”, com características como os dreadlocks e as tatuagens, apesar de o rosto não ser mostrado. Na entrevista, Ricarda disse que ainda não quer admitir que a filha não está mais viva. Na única ligação bem-sucedida à filha na manhã da tragédia, Shani disse que estava entrando em pânico.
O festival foi feito perto do Kibbutz Urim, uma das comunidades autônomas de Israel que foram famosos experimentos com o socialismo. O público foi atingido por foguetes, depois os militantes abriram fogo contra os civis. Há imagens e múltiplos relatos da multidão correndo pela área desértica, saltando cadáveres pelo caminho.
O primo de Shani, Tom Weintraub Louk, disse ao Washington Post que “ainda temos um pouco de esperança. O Hamas é responsável por ela e pelos outros”. O jornal centro-europeu Visegrád 24 informou que um dos membros do Hamas presentes na picape parecia ser Mahmoud Abourjila. Além da semelhança de rosto, internautas identificaram semelhança da roupa usada pelo terrorista e a usada por Mahmoud em fotos postadas em sua conta no Google. A localização das imagens está em um raio de 15km do local onde Shani teve seu corpo tratado com desrespeito. As autoridades ainda não confirmaram a identidade do militante.
A jovem alemã, que cresceu em Israel, tinha uma conta no Instagram, @shanukkk, que saltou de 30 mil para mais de 50 mil seguidores em 48 horas. A conta foi trancada e clones surgiram para fazer homenagens. Outra conta com menos de dois mil seguidores mostra suas criações como tatuadora. Ela desenhava tatuagens em estilo “tribal”, animais, mandalas e figuras mitológicas do oriente.
Comemoração da esquerda
Em vídeo postado no domingo pelo repórter Brendan Gutenschwager, militantes de esquerda se reuniram frente ao Consulado de Israel em Nova York. Aplaudido, um deles diz em um megafone que “houve algum tipo de rave ou festa do deserto em que eles estavam se divertindo, até que a resistência veio em parapentes elétricos e acabou com ao menos várias dezenas de hipsters”. A plateia de manifestantes vibra diante do comentário. “Mas tenho certeza de que estão todos bem, apesar do que alega o jornal New York Post”. A CNN estimou o número de mortos no festival em 260.
Circularam relatos de que o festival de música teria sido realizado por brasileiros. O DJ brasileiro Alok esclareceu no X, no sábado, que o evento tinha produtor israelense. O pai do DJ foi “contratado a se apresentar em um evento que licenciou os direitos de uso do nome do festival” e Alok informou que “ele está seguro em um bunker aguardando direcionamento para retornar ao Brasil”.
Raziel Tamir, um dos presentes no evento, disse a uma rádio local, segundo o Jerusalem Post, que acordou em sua barraca às seis da manhã no sábado com o barulho de explosões e tiros. Além dos parapentes, cerca de 50 terroristas chegaram ao local em vans, uniformizados. Ele testemunhou “um número grande de corpos e terroristas correndo e atirando para todo lado, atirando granadas e bombas de efeito moral nas pessoas”. Ele disse que sobreviveu com 100 outras pessoas porque soldados israelenses atuaram como escudo humano contra a continuidade do massacre. “Os soldados nos protegeram com seus próprios corpos, nós os vimos caindo diante dos nossos olhos”.
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A idade da vítima foi corrigida seguindo informações da revista Der Spiegel.
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