JERUSALÉM - O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, desencadeou nesta segunda-feira um terremoto político como há muito não se via no país, pedindo ao presidente Moshe Katsav a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas, enquanto se prepara para anunciar publicamente sua saída do Likud, partido conservador que ajudou a fundar, e a formação de uma nova legenda, de centro. Sua intenção: reeleger-se.
- A eleição deve acontecer o quanto antes - disse o presidente Moshe Katsav, após uma reunião com Sharon.
Katsav afirmou que daria início imediato a consultas para antecipar a eleição, originalmente marcada para novembro de 2006. Um acordo de Sharon com os trabalhistas, recém-saídos do governo, prevê que a votação ocorra em março.
- O primeiro-ministro me disse que não pode dirigir os assuntos do Estado ao ficar em minoria no Parlamento - afirmou Katsav em referência à saída dos trabalhistas da coalizão de governo. - Logicamente, nestas condições, é preciso antecipar as eleições.
Sharon deve anunciar numa entrevista coletiva às 19h (15h de Brasília) sua saída do Likud para formar o partido Responsabilidade Nacional. Sua decisão foi anunciada à presidência do Likud numa carta. "Estou renunciando ao partido e formando um novo", escreveu Sharon.
A crise de Sharon com o Likud, que ele ajudou a fundar, começou com seu plano de retirada unilateral de todos os assentamentos israelenses da Faixa de Gaza e de quatro pequenos assentamentos da Cisjordânia, em meados deste ano. Os "rebeldes" do Likud, encabeçados pelo ex-premier Benjamin Netanyahu, disseram que a retirada violava os princípios do partido. Netanyahu, que ocupou o cargo de ministro das Finanças no gabinete de Sharon, deixou o governo um pouco antes da aprovação final da retirada.
Os rumores de que ele deixaria o Likud vazaram quando Sharon começou a dizer a aliados mais próximos que não pretendia ter seu papel como primeiro-ministro limitado por um partido que não aceita concessões territoriais aos palestinos que hoje ele julga fundamentais.
A situação de Sharon complicou-se muito com a inesperada derrota de Shimon Peres - um amigo, ainda que rival político histórico - nas eleições internas do Partido Trabalhista. Os trabalhistas foram convidados a entrara para a coalizão de governo em dezembro de 2004, quando um partido de centro foi expulso, por se recusar a votar o orçamento - o que tirava a maioria de que Sharon dispunha no Parlamento. Com a surpreendente vitória de Amir Peretz, um sindicalista de 53 anos, sobre Peres, o Partido Trabalhista rompeu com a coalizão, o que forçou um acordo para eleições antecipadas. No domingo, o partido aprovou a retirada de seus oito ministros do gabinete de governo.
O presidente Katsav disse que, segundo a lei eleitoral, ainda tem 21 dias para consultar representantes da atual 16ª legislatura e explorar a possibilidade de algum deles poder formar um novo governo de coalizão. Deputados do Likud, partido do qual Sharon saiu, afirmavam hoje que podem conseguir isso.
Para isto, precisará de uma maioria simples de 61 deputados entre os 120 do Parlamento (Knesset). Caso não consiga, Katsav disse que as eleições deverão ocorrerão num prazo máximo de 90 dias.
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