O presidente de Israel, Shimon Peres, rejeitou nesta quinta-feira (16) as especulações de que seu país poderia atacar o Irã para impedr a República Islâmica de produzir armas nucleares, e reiterou sua confiança na diplomacia promovida pelos EUA.
O governo de Barack Obama tem defendido um diálogo de Washington com Teerã a respeito da questão nuclear iraniana, algo que gera ceticismo em Israel, onde muitos veem a eventual bomba atômica iraniana como uma ameaça mortal. Teerã nega repetidamente a intenção de desenvolver um arsenal nuclear, afirmando que seu programa atômico se destina apenas à geração de eletricidade com fins civis.
A formação de um governo direitista em Israel sob a liderança de Benjamin Netanyahu redobrou a preocupação internacional de que Israel poderia realizar por conta própria ataques "preventivos" contra o Irã, mesmo enfrentando a oposição do governo Obama.
Mas o gabinete de Peres divulgou a seguinte declaração dele ao representante de Obama para a região, George Mitchell: "Toda a conversa sobre um possível ataque de Israel ao Irã não é verdadeira. A solução no Irã não é militar."
Como chefe de Estado, Peres tem uma função cerimonial, sem poderes executivos, mas está muito envolvido no atual processo político. Como chefe da Defesa israelense, na década de 1950, Peres teve participação ativa na aquisição do reator francês hoje instalado em Dimona, onde Israel supostamente desenvolveu uma bomba atômica. O atual presidente também já foi primeiro-ministro e chanceler.
Um porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu recusou-se a comentar as declarações de Peres, que defendeu uma "ampla cooperação internacional" na questão iraniana.
"É do nosso interesse comum que, por meio do diálogo com o Irã, o mundo descubra se há uma oportunidade no Irã, ou se o Irã está blefando", afirmou.
O governo norte-americano se mostra cada vez mais arredio à hipótese militar contra o Irã. Nesta semana, o secretário de Defesa, Robert Gates, afirmou que um ataque às instalações militares do país poderia adiar em até três anos o desenvolvimento atômico iraniano, mas por outro lado iria "cimentar sua determinação de ter um programa nuclear, e também construiria em todo o país um ódio imortal contra quem o ataque."
Para Gates, o Irã só vai desistir de desenvolver armas nucleares se "os próprios iranianos decidirem que isso é custoso demais". "Precisamos buscar todas as formas de aumentar o custo desse programa para eles, por meio de sanções econômicas e outras coisas."