O descontentamento crescente dos membros do partido Povo da Liberdade (PDL) com a decisão do líder do partido, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, de deixar o governo pode evitar uma crise política e salvar a coalizão que comanda a terceira maior economia da zona do euro.
Ontem, os cinco ministros do partido de Berlusconi oficializaram a saída do governo, que foi anunciada no último sábado Nunzia de Girolamo (Agricultura), Beatrice Lorenzin (Saúde), Maurizio Lupi (Transportes), Gaetano Quagliariello (Reforma Institucional) e Angelino Alfano (vice-premiê e Interior).
Apesar da formalização das demissões, Alfano, Lorenzin, Quagliariello e Lupi expressaram seu receio de que a ala mais radical do PDL tenha triunfado. Berlusconi anunciou recentemente que pretende relançar o partido com o nome da antiga Forza Itália.
Lorenzin e Quagliariello disseram que não farão parte da nova legenda, mas o distanciamento mais marcante é de Alfano, secretário político do PDL e considerado braço-direito de Berlusconi.
Berlusconi se reuniu com a bancada de sua sigla e cobrou unidade. "Está tudo esclarecido. Este governo acabou", disse o ex-premiê. Ele afirmou que dará ao governo mais uma semana de vida para votar medidas econômicas. "Devemos permanecer unidos", seguiu.
Voto de confiança
Amanhã, o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, vai ao Parlamento pedir um voto de confiança, a fim de verificar se mantém o apoio parlamentar que originou o Executivo de coalizão no final de abril, formado após as divididas eleições de fevereiro.
Caso o Povo da Liberdade retire o apoio ao governo, Letta precisará atrair parlamentares dissidentes do partido de Berlusconi e do Movimento Cinco Estrelas, e formar uma nova maioria com os centristas, comandados pelo ex-premiê Mario Monti.