A coalização de centro-esquerda, liderada por Romano Prodi, venceu com uma pequena vantagem as eleições italianas dos dias 9 e 10, conforme os resultados divulgados nesta terça-feira. O ministro do Interior informou nesta tarde que o bloco encabeçado por Prodi conquistou maioria no Congresso, obtendo 158 cadeiras contra 156 da aliança de centro-direita, liderada pelo atual premier italiano, Silvio Berlusconi.
A contagem dos votos foi concluída quase 28 horas depois que as urnas foram fechadas. A centro-esquerda de Romano Prodi conseguiu maioria também na Câmara dos Deputados.
No entanto, Berlusconi se recusou a aceitar a derrota na eleição geral do país, alegando inúmeras irregularidades na apuração dos votos, que precisaria ser refeita.
- Nós não acreditamos que hoje, como as coisas estão, alguém pode reivindicar vitória, porque os números (da votação) mostram muitos, muitos, muitos aspectos obscuros - afirmou Berlusconi, em sua primeira declaração pública após a eleição.
Mais tarde, o primeiro-ministro usou um tom mais moderado:
- Acho que talvez deveríamos usar o exemplo de algum outro país europeu, talvez um país importante como a Alemanha, para ver ser não seria o caso de unir forças e governar em harmonia. Acho que seria um ato de humildade de cada lado mas também de realismo. Não acho que seria bom para o país seguir em frente numa espécie de guerra civil.
Anteriormente, o ministro de centro-direita Roberto Maroni havia reconhecido a vitória de Prodi.
- A centro-esquerda tem o direito e também o dever de formar um novo governo - afirmou Maroni, do partido da Liga Norte, em entrevista na televisão.
Maroni foi a primeira autoridade de centro-direita a aceitar a derrota na eleição.
Seis cadeiras do Senado, que dependiam dos votos dos italianos morando no exterior, foram as últimas a serem definidas. Destas quatro ficaram com a centro-esquerda, uma com a centro-direita e a outra será ocupada por um candidato independente.
Romano Prodi chegou a proclamar sua vitória antes dos resultados dos votos dos italianos no exterior.
- Hoje estamos virando a página, deixando para trás esta longa e difícil campanha e devemos começar imediatamente a nos recuperar do que aconteceu - disse Prodi, numa coletiva de imprensa na qual declarou que será o próximo primeiro-ministro italiano, segundo a rede americana CNN.
Os apoiadores de Berlusconi também reclamam que a vantagem da centro-esquerda na Câmara dos Deputados foi mínima: apenas 25 mil votos. Os esquerdistas ficaram com 340 das 630 cadeiras.
A aliança de centro-direita rejeitou o resultado e exigiu a verificação escrupulosa dos votos da Câmara.
- Rejeitamos que a centro-esquerda de Romano Prodi tenha vencido as eleições - afirmou Paolo Boaniuti, porta-voz do líder conservador Berlusconi, ao ler um comunicado da coalizão - Na Câmara dos Deputados nenhuma das coalizões superou os 50% e houve uma diferença inferior a 25 mil votos. Essa diferença tão reduzida exige uma escrupulosa verificação da recontagem dos votos e das atas.